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Ruth Guimarães

NO QUINTAL DA RUTH
No passado 9 de julho, como já fizemos no ano de 2018, organizei uma visita com participantes de minhas oficinas e outros interessados, ao lugar onde nasceu e escreveu grande parte de sua extensa obra, a escritora Ruth Guimarães.
A chácara está localizada no município de Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba, a 200 km da capital paulista, e hoje sedia o Instituto Ruth Guimarães, que preserva a obra e o legado da escritora paulista.
O grupo que visitou o “Quintal da Ruth” estava composto por educadores, contadores de histórias, mediadores de leitura e outras pessoas que estudam e preservam as culturas tradicionais paulistas.
Da mão de seus filhos, Júnia e Joaquim, durante o tempo de nossa visita, tivemos uma imersão na grandiosa obra de Ruth, escutando as histórias, anedotas, bastidores, segredos da extensa e prolífica vida da autora, assim como a extensão de seu trabalho menos divulgado a de folclorista, que abrange seus livros que mergulharam profundamente na cultura tradicional da região, seja com “Os filhos do medo” e “Calidoscópio, a saga de Pedro Malasarte”, uma árdua pesquisa pouco conhecida sobre ervas medicinais, curas populares, simpatias, rezas e diferentes procedimentos empíricos que utiliza o povo para males do corpo e alma.
Foi uma jornada inesquecível, onde, guiados pela mão e relatos de seus filhos, viajamos no encantamento de vivências que perduram em nossa memória, ao sair da casa no final do dia, quando empreendemos nosso retorno a São Paulo, tivemos a sensação de haver passado uma tarde mágica, recheada por boa comida e as prosas infinitas que referenciaram, por diferentes prismas, os trabalhos incríveis da escritora.
Este conjunto de experiências explicam o motivo da permanência e atualidade da obra de Ruth Guimarães, que há 10 anos de sua partida, agiganta sua figura e reconhecimento com contínuas reedições de seus principais clássicos, assim como, a edição de seus textos inéditos, graças ao afinco e determinação do Instituto Ruth Guimarães, criado pelos seus filhos.
Vale a pena conhecer o Quintal da Ruth, onde nossa homenageada escreveu e sedimentou sua obra e legado.
Salve Ruth!

Daniel D'Andrea
Ruth Guimarães

Zenilda Lua para a Ruth Guimarães
A luz lhe dava em cheio nos olhos risonhos.
Ela era uma árvore.
Um propósito de árvore enorme.
Ramalhuda. Crescendo para todos os lados.
Um mundaréu de folhagens. Fértil. Cheia. Umbrosa.
E a gente tudo embaixo dela.
E a passarinhada toda entrando, voando, bulindo e cantando.
Ela está viva. E dança com o vento, acena, e revoa tudo num sonoro tão bonito!
Mistura folhas e asas para tocar nas cordas de prata fina do sol, que abastece o céu todo e enche a terra com a luzona cheia dela.

Zenilda Lua
Ruth Guimarães

O FOLCLÓRICO E O ERUDITO NA ARTE DE RUTH GUIMARÃES

A riqueza literária da prosa de Ruth Guimarães oferece ao leitor possibilidades múltiplas de leitura, que dialogam entre o saber folclórico e a vasta erudição com que a autora nos cativa. Sabedora dessa arte milenar, que é a contação de histórias, Ruth Guimarães consegue elevar nossas tradições populares à categoria de elementos universais, trazendo, para isso, os símbolos arquetipicos da cultura brasileira, já mesclada de matrizes africanas e indígenas. É nossa terra, nossa gente e nossa alma. Sinto orgulho por sua literatura, ao mesmo tempo, saudade destes causos que adoraria ter escutado na voz da própria autora.

Wagner Fernandes Fonseca
Ruth Guimarães

A fantástica escritora Ruth Guimarães escreveu sobre minha tradução de “Gente Pobre” de Dostoiévski.
“No seu primeiro romance, esse russo inefável, já os 25 anos de idade, dá voz àquela gente que não tem de seu senão os sentimentos. Gente que conhecemos, ele na Sibéria e nós aqui. Homens e mulheres que passam por nós nas ruas, no metrô, abandonados pelos poderes e pela justiça dos homens. Gente de quem Luís Avelima conhece o pulsar. E, a bordo dessa vivência, por vários mundos, incluída aí a Sibéria de Dostoievski, onde esteve de residência na Rússia, nos ajuda a trazer para o português o que parecia que só a língua cirílica poderia traduzir.
A tradução que Luís Avelima nos traz de Dostoiévski é tão singular quanto doce, e tão suave quanto trágica (…)”

Luis Avelima
Ruth Guimarães

Desde o ano passado, a profundidade da pesquisa da história e legado de Ruth Guimarães nos deu ímpeto para florear seus espaços e seu tempo, e no início do ano a Cia Cássio B e convidados começaram os grupos de estudo do livro “Água Funda” para a produção de um curta metragem baseado na obra. Com o apoio da Júnia Botelho, do Joaquim Botelho e do Marcos Botelho, filhos da autora, vamos conseguir realizar esse feito, com muita emoção e responsabilidade.

Ruth GuimarãesE neste último sábado, 13 de abril de 2024, tivemos uma tarde preciosa e enriquecedora com o @jmbotelho sobre o livro Água Funda, sobre Ruth enquanto artista, cronista, autora, escritora, mulher, mãe e ativista, além de suas vastas e infinitas qualidades e feitos. Foi algo tocante, emocionante e poderoso, pois sentimos o toque genuíno da grande mestra em nosso trabalho!

Essa galera é o elenco que estrelará o curta metragem Água Funda em alguns meses, dirigido e adaptado por @cassioborgess, com produção audiovisual da @eggstormprod e com apoio na pesquisa de @julianissis, @patriciaguiasantos, @juniagb e @jmbotelho, produção de @gegeovana e @eusoucarolserra, além de ser financiado pela Lei Paulo Gustavo.

Cassio Borges
Ruth Guimarães

Meu nome é Marcos Guimarães Botelho, sou o sexto filho de Ruth Guimarães.
Ruth não era somente escritora, era também folclorista e agente cultural. Ela levava a cultura popular para muitos lugares. Nós, os filhos, éramos seus assistentes. Cada um de nós tinha uma função.
Eu gosto de fazer cenários, de montar a iluminação, de decorar os ambientes. Então eu acompanhava a montagem de exposições. Somos de Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba, mas não nos limitávamos à região. Fizemos exposição em São Paulo, no sesc Vila Nova, no sesc do Carmo, no Parque do Ibirapuera, onde hoje acontece as bienais, em Santos no Estádio Municipal.
As exposições eram para valorizar os artesanatos e os artistas do fundo do Vale, trazíamos material em madeira, argila, cordas.
Antes de fazer a montagem, era necessário fazer o contato com os expositores. Hoje, com o celular e a internet, é muito mais fácil chegar até as pessoas, mas nos anos 1970 a 1995 o contato era pessoal. Era preciso ir onde o artista estava, falar com os familiares para conseguir o endereço. Era preciso se preparar com muita antecedência para que tudo funcionasse bem. E para ter tempo de coletar o material.
Além das exposições, Ruth organizou encontros de folias de Reis, de congadas, de Moçambique, de dança de fita. Era muita gente e tínhamos que dar conta da logística.
Aprendi com o meu pai a trabalhar com fotografia. Eu também era encarregado de fazer o registro fotográfico dos eventos. Participamos inclusive de programas de TV como o do Airton e Lolita Rodrigues, que apresentavam o Almoço com as estrelas e da estreia do programa da TV Cultura com o cantor Aguinaldo Rayol.
Hoje eu colaboro nos eventos do Instituto Ruth Guimarães, que fica na chácara onde Ruth nasceu. Ali fizemos um trabalho paisagístico enorme, porque a chácara tem mais de mil metros quadrados. Ainda tem muito o que se fazer. Mesmo assim os eventos, antes da pandemia, estavam abertos ao público e a chácara, que virou Instituto, esteve aberta para visitação. Continuo cuidando da iluminação e da decoração, cuido dos equipamentos de som, ajudo a organizar os eventos, ajudo a fazer acontecer.

Ruth Guimarães

Alguns professores permanecem nas nossas lembranças por toda a nossa estada neste plano terreno. Entretanto, a inteligência, cultura, sensibilidade e, sobretudo o amor e dedicação de alguns professores, por ensinar e encaminhar jovens estudantes para o lado certo de um futuro incerto, engrandecem e valorizam a tão desvalorizada nobre arte da transferência de sabedoria. E esse foi o legado deixado pela professora Ruth Guimarães, que me faz sentir orgulho de ter sido seu aluno, com recordações de momentos memoráveis e marcantes da minha vida estudantil. Alguns engraçados, mas nem por isso deixaram de ter aplicações práticas e lições muito adequadas para personalidades em formação, como foi o meu caso. Estou falando da década de 70 do século passado.. rsrsrs. Sempre que tenho oportunidade, entre amigos e família, quando o assunto é educação, faço questão de relembrar, pelo menos de três passagens com a nobre professora.
A primeira foi quando fiquei sabendo, no início do ano letivo, acho que em 1972, que a nossa professora de português seria Ruth Guimarães, famosa nos meios acadêmicos. Eu tinha uma letra horrível, consequência da minha mania de eficiência: escrever e prestar atenção no professor, ao mesmo tempo, sem olhar no caderno. Alguns algoritmos que só eu entendia. Queria impressionar a professora e como sabia que ela gostava de acompanhar individualmente cada aluno, verificando os nossos cadernos toda aula, tratei de mudar a minha letra aprimorando a minha tática. Deu certo e ganhei alguns inesperados e fantásticos elogios que foram incríveis para a minha motivação em aprender o português e ser rápido na escrita, porém caprichoso.
A segunda passagem foi de certa forma consequência da primeira. Eu estava mais motivado do que nunca em aprender português com a gabaritada professora Ruth Guimarães, principalmente depois dos elogios que tinha recebido e resolvi mudar de lugar na sala de aula, ficando mais próximo da minha idolatrada professora. Nunca fui da turma do fundão. Era mais da turma do meio da sala. Sentei na primeira carteira, pois era uma forma também de ter sucesso no meu novo método de escrita: atento, rápido e caprichoso. Acho que mais alunos de portes físicos um pouco mais avantajados, mais altos, também tiveram a mesma ideia e resolveram se sentar na frente, nas primeiras carteiras. Evidentemente que a professora, com a sua sabedoria e experiência, logo percebeu que vários alunos seriam prejudicados e, imediatamente, resolveu por em prática o seu senso organização e justiça, realocando os alunos de acordo com o tamanho, ou seja, os menores alunos nas primeiras carteiras. Daí veio a minha suposta esperteza. Simulei uma dificuldade para enxergar, fechando os e fixando os olhos no quadro negro. A professora logo percebeu e o plano, aparentemente tinha dado certo, não fosse a cartinha escrita pela professora Ruth para os meus pais, informando o problema e solicitando soluções. O resultado foi o aprendizado do velho chavão de que a mentira tem perna curtíssima e, os meus pais, muito sérios, exigiram uma retratação da minha parte junto à professora, que a fiz, com muita vergonha. Acho que ela encarou com bom humor e entendeu que tudo o que eu queria era estar mais próximo dos seus ensinamentos.
A terceira passagem foi uma tarefa valendo nota, um trabalho de criatividade solicitado pela professora. Era véspera dos treze primeiros dias de junho, quando se celebrariam a Festa de Santo Antônio, padroeiro da nossa cidade de Cachoeira Paulista. Nosso grupo de classe decidiu montar um pequeno quiosque na Praça Prado Filho, onde ocorreria a festa, para vendermos livros de literatura. Para chamarmos a atenção do público para o nosso quiosque, compramos a genial ideia de marketing de um primo, também participante do grupo, Sebastião Fortes, de colocarmos no quiosque um jegue, isso mesmo, um jumento que ele tinha na fazenda do pai, com uma placa pendurada no pescoço com os seguintes dizeres: “EU NÃO QUIS ESTUDAR E ME TORNEI UM BURRO”. Não preciso comentar que o jegue foi um tremendo sucesso de público e o trabalho, como um todo, muito aplaudido e elogiado pela professora Ruth Guimarães, que nos deu a nota máxima. Infelizmente, as vendas foram muito modestas, mas as lições aprendidas muito mais valiosas.
Há ainda outras importantes passagens, como a participação e interferência da nobre e querida professora na determinação em ajudar um aluno da sala de aula, muito pobre, que realmente precisava de óculos.
Agradeço muito as lições de inteligência, seriedade, sensibilidade, bondade, dedicação e competência do ser humano e profissional que foi a professora Ruth Guimarães, tendo sido um diferencial, no ensino e formação de jovens da minha época. Um privilégio para poucos num país como o nosso, cuja educação e educadores não recebem o devido e merecido valor.

Marcel Magalhães

Um tempo desses estava me recordando de minha adolescência durante uma aula no curso de fotografia.

A professora havia perguntado qual foi o primeiro contato de cada aluno com o universo da fotografia.

Esse questionamento me fez viajar nas minhas memórias até meados dos anos 90, no sobradinho ao lado da casa de Dona Ruth e Seu Zizinho.

À época, eu havia me inscrito no projeto da “Guarda Mirim” e estava participando de oficinas ministradas pela Dona Ruth, Seu Zizinho e pela Junia.

Foi ali que tive contato com alguns textos e poesias de Dona Ruth. Com a Junia eu aprendi a cantar uma canção em francês, da qual me recordo até hoje com carinho (e possivelmente as únicas palavras que sei dessa bela língua).

Mas foi com o Seu Zizinho que eu me encantei mais. Pois foi ele que me apresentou a esse universo mágico da fotografia. Fou ali, naquele andar superior que a sementinha foi plantada. Ele explanava com uma paixão contida sobre o poder do olhar, da luz e dos ângulos. Ele nos apresentava conceitos básicos da mecânica fotográfica, como abertura do diafragma e velocidade do obturador.

Eu ouvia, encantado, a seus ensinamentos que mais pareciam uma linda melodia em forma de parâmetros de luz e sombras.

Infelizmente, por diversos fatores eu não mais tive contato com esse universo até recentemente. Mas a semente estava ali, plantada, viável, esperando o tempo certo para florescer.

Mas a semente brotou, iniciou o seu desenvolvimento e no seu tempo germinou. Lançou suas raízes fundo em minha alma e seus galhos em forma dos primeiros trabalhos. A jornada do florescimento ainda é um longo processo, mas o jardineiro Seu Zizinho fez um bom trabalho de plantio e adubação e até hoje é inspiração.

Gray Cardoso
Ruth Guimarães

Em 2010, quando assumiu a presidência da UBE – União Brasileira de Escritores – Joaquim Maria Botelho convidou-me para ser o diretor de Comunicação de sua gestão. Nem ele sabe, e o revelo agora, que um dos motivos que me levaram a aceitar o desafio foi a perspectiva de, já entrando nos meus outonos, realizar um sonho de garoto leitor: conhecer e conviver com aquelas pessoas que compartilhavam conosco o talento da escrita, transportando para o papel histórias e causos da vida como ela é ou de como poderia ser nas asas da imaginação. Das reuniões protocolares aos papos informais, veio o histórico Congresso Brasileiro de Escritores realizado em novembro de 2011 em Ribeirão Preto. Embora já a conhecesse pessoalmente, foi ali que se me revelou o perfil definitivo da autora de Água Funda e dos seus Filhos do Medo. Eu me perguntava: como é que aquela mulher conseguia conciliar sua atribulada vida pessoal com a missão de ensinar e descreve-la em palavras e signos sem deixar revelar qualquer azedume ou indícios de autocomiseração. Fui entende-la um pouco mais, mas nunca o bastante para decifrá-la, a partir da convivência com os filhos dela, Joaquim na proa. De Ruth Guimarães tudo o que se disser com o intuito de definir o ser humano que ela foi talvez não seja suficiente. A resposta está no seu legado. Para ela dedico um só adjetivo, que considero a síntese da mulher-tudo: singular. Fui um privilegiado por ter bebido um golinho na sua fonte. Obrigado, senhora!

Daniel Pereira
Ruth Guimarães

A pessoa Ruth Guimarães dizia que suas credenciais eram ser: mulher, escritora, negra e caipira. E acrescento ainda que era mãe, professora. E principalmente educadora em parceria com seu primo, marido e companheiro José Botelho. Na cidade em que nasceu ela é a dona Ruth, muito simplesmente.
Quanto a descoberta do dom de escrever e de nós sermos incentivados; ela não descobriu, quando viu já estava fazendo. O incentivo era o modelo diário. Lemos porque ela lia, escrevemos porque ela escrevia, fazemos cultura porque a acompanhávamos em todos os eventos desde que nascemos. Ajudávamos a fazer fichas bibliográficas para os seus livros, a pesquisar ilustrações – quando nos demos conta já estávamos fazendo também. Porque era natural como andar ou falar.
Quanto a condição de ser negra, para ela não existiu fase difícil para ser escritor, em virtude de preconceito, falta de reconhecimento, censura, etc. Os processos externos não existiam. Ela não escrevia para obter glória ou fama. Escrevia porque era necessário, escrevia como respirava. Era ela e sua máquina de escrever, suas pilhas de papel em cima da mesa, a filharada toda em volta, o marido acompanhando. Viver era sua prioridade, seus livros iam se fazendo. A cor de sua pele nunca a impediu de trabalhar, nem escrever. Ela sempre foi admirada entre seus pares: incentivada por Mário de Andrade e Amadeu Amaral, José Paulo Paes e tantos outros. Era a caçula da turma, o jovem talento. A censura nunca a atingiu porque suas críticas eram inteligentes e implícitas. E mesmo quando explicitas não a expuseram o suficiente. Ela e o marido trabalharam juntos como repórter e fotógrafo da Revista Manchete e tiveram que fugir algumas vezes para não perderem suas reportagens. Driblaram seus perseguidores. Mas era apenas uma aventura, não um percalço. Não foi difícil para eles, primeiro porque estavam juntos e segundo porque viver era preciso.
Diante de tudo e de enfrentar a Síndrome de Alport em três de seus filhos, Ruth para mim foi e é um exemplo de vida, guerreira, com austeridade e com simplicidade.

Olavo Guimarães Botelho
Ruth Guimarães

Gente, preciso partilhar as minhas impressões sobre a leitura de Água Funda, de dona Ruth Guimarães, escritora e intelectual negra. Nossa! Eu li de uma sentada, nunca me senti tão acolhida, parece que era minha mãe contando os causos… várias passagens me são muito familiares. tem uma cantiga que minha mãe tentava ensinar eu e minha irmanzinha cantar, rsrsrs, a mãe dizia que uma devia fazer a primeira e a outra a segunda voz, mas a gente desembestava num ritmo só e desafinado, a mãe proferia uma meia dúzia de cruzincredu e parava com a ensinâncias, rsrsrs. A cantiga está no romance e me tirou lágrimas ao ler, é assim:
“Cada vez que o galo canta, ai, ai,
Eu também quero cantar, ai, ai,
Galo canta de alegria, ai, ai,
Eu canto pra não chorar, ai, ai.
Na hora que o galo canta, ai, ai,
Lá pras bandas de onde eu moro, ai, ai,
Quando me aperta a saudade, ai, ai,
Saio no terreiro e choro, ai, ai”.
Eu e a Divina Cardoso desembestávamos no aiaiaiai e seguíamos ribanceira abaixo, rsrsrsrs
Quero aqui deixar registrada a minha emoção, gratidão e felicidade proporcionada por esta leitura. Assim, sugiro que comprem o livro, Divina Cardoso, Ivone Cardoso, Leidiane Cruz, Pola Bonadio,Fabrício Cardoso, Marcelo Cruz Antonio Gonçalves Luceny Gooh Luis Augusto Jabiraka enfim, família Cardoso em geral, vcs vão constatar todas as lembranças da Dindinha contando histórias pra gente, por meio deste romance. É lindo!!!!!?????
Dona Ruth gostava de ressaltar que era caipira, assim como nós somos e a Dindinha também dizia. #Somosmesmocaipiras #Somosdomato #CausosdeMinas

Rosangela Cardoso
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