Ruth Guimarães na Flig novamente

As feiras literárias são encontros públicos onde obras literárias são discutidas em público, muitas vezes discutidas pelos próprios autores ou por profissionais (críticos, editores, etc.). Esta forma relativamente recente de mediação da literatura envolve a transição de uma prática de leitura vivenciada como solitária (o leitor diante do seu livro) para uma prática coletiva, que assim se apropria da noção de “público”, como um grupo reunido pelo e para o evento: a feira “celebra a literatura e as suas ressonâncias, e constrói uma ligação entre a solidão da criação literária e a efervescência do encontro coletivo”[1]. A Feira literária de Paraty – FLIP – influenciou as feiras do Brasil todo, e que está se espalhando pelo Vale do Paraíba. Temos a Fllor, de Lorena, a Flipinda, de Pindamonhangaba, a Flic, de Cruzeiro, a Flil, de Lavrinhas, a Flig, de Guaratinguetá.

Esta última aconteceu nestes dias 14 a 16 de novembro e homenageou Ruth Guimarães em uma mesa com Clarice Lispector e Betina Marino. Mesa: Literatura, mulheres e mídia: um encontro com Clarice Lispector, Ruth Guimarães e Betina Marino com as convidadas: Carla Orrú, Júnia Botelho e Juraci de Faria Condé, mesa mediada por Ivan Reis. Foi feita uma contextualização da vida e obra das escritoras com o objetivo de traçar um breve perfil biográfico de cada uma delas; discutiu-se suas carreiras, pois Clarice, Ruth e Betina também atuaram, para além de seus textos ficcionais, em veículos jornalísticos importantes para a mídia do Brasil. São vozes femininas que ainda ecoam nos dias de hoje.

O que ainda não conhecemos de cada uma e para quais leitores seus textos eram destinados. Sobre as questões de estilo, a conversa foi chegando no fato das escritoras também darem voz a assuntos que se tornaram relevantes em suas obras e, consequentemente, atravessaram gerações e o que faz de cada uma ser universal. Descobrimos a guaratinguetaense Betina Marino, revimos os textos de Clarice Lispector e descobrimos algumas curiosidades, as autoras enquanto cronistas de seu tempo e o quanto elas ainda dizem, apesar de ausentes do mercado literário há muito tempo, aqui não estão? Continuam no que fica de suas obras. Foram lidos alguns trechos selecionados pelas convidadas. Foi uma bela homenagem a essas três autoras, com tantos pontos em comum. Vida longa a Betina Marino, Clarice Lispector e Ruth Guimarães. Vida longa às feiras literárias e que o público aumente todos os anos.
http://www.correspondances-manosque.org/images/telecharger/programme-2013.pdf

A Manifesta.cia apresenta: As comadres de Ruth Guimarães

No dia 15 de novembro, às 16h30, o CEU Vila Esperança recebe o espetáculo “As Comadres de Ruth Guimarães” da Manifesta Cia, uma homenagem à escritora Ruth Guimarães, primeira mulher negra a ganhar destaque nacional na literatura brasileira.

Com direção de Andrea Ojeda, o espetáculo é um mergulho no universo da cultura popular e no poder da palavra que atravessa gerações. Entre causos, cantigas e sabedorias, as comadres celebram a força das mulheres e das histórias que aquecem o coração!Ruth Guimarães

15 de novembro
16h30
Entrada gratuita
Classificação livre
Acessibilidade integrada à cena
CEU Vila Esperança – Rua Demerval da S. Pereira, s/nº, Loteamento Vila Esperança – Campinas/SP

E de 3 a 14 de novembro, a biblioteca do CEU recebe a instalação literária “Encontro ao pé do Fogo: o universo de Ruth Guimarães” um convite ao aconchego da leitura, da música e da memória.

Uma história sobre amizade, ancestralidade e o poder das palavras que seguem vivas, contadas de comadre pra comadre.

Ficha técnica
Design: @joyce_msza
Acessibilidade: @dani.clh
Consultoria em acessibilidade: @souojeff

Ruth Guimarães

2º Simpósio Baobá de Educação, neste 20 de outubro de 2025 – Instituto Ruth Guimarães presente

O 2º Simpósio Baobá de Educação foi realizado no Auditório Frei Galvão, em Guaratinguetá, com o tema Mulheres Negras na Educação.
Mestre Morena iniciou com a Ladainha no berimbau, destacou Dandara e cantou com suas alunas.
“Quando eu venho de Luanda ê.. não venho só”
Júnia Guimarães Botelho nos brindou com histórias de sua mãe Ruth Guimarães, professora negra e escritora, de Cachoeira Paulista, além de nos fazer um convite para o dia da consciência negra, quando haverá no Instituto Ruth Guimarães o dia da “Troca de saberes”.

Efigênia Augusta de Freitas, a nossa griô, fez uma explanação sobre as primeiras professoras negras do Brasil, em powerpoint, mostrando fotos e chamando o público para ler em voz alta frases impactantes. Destacou duas Escolas que homenagearam professoras negras: Escola Municipal Aliete Ferreira Gonçalves, no bairro de São Manoel, em Guaratinguetá, Escola Municipal Profª Maria da Glória Freitas, no bairro São Francisco, em Aparecida e acrescentamos a E.E. Ruth Guimarães Botelho, Escola de ensino fundamental em São Paulo. Além disso, A Escola Estadual Dr. Alberto Cardoso de Mello Neto foi a primeira da rede paulista a participar do projeto Academia Estudantil de Letras. Em 2017, 11 alunos do Ensino Médio da unidade na zona norte de São Paulo tomaram posse em evento com a presença do secretário da Educação da época, José Renato Nalini e de Joaquim Maria Botelho, filho de Ruth Guimarães Botelho. Seus familiares estavam na plateia prestigiando o evento que a escolheu como patrona da cadeira principal da agremiação.

Efigênia ficou emocionada ao falar sobre a escola que leva o nome de sua irmã, mas ao mesmo tempo afirmou: “É pouco! Precisamos homenagear nossas professoras e professores negros”. Sim, é pouco. E importante que falemos a respeito.
Ana Flávia Coelho iniciou a sua fala homenageando o Prof. Alexandre Barbosa, que nos deixou há pouco menos de um mês, destacando o seu trabalho ímpar à frente da Escola Joaquim Vilela, em Guaratinguetá. Foi muito clara, expondo de forma muito didática as leis, o que é o PNEERQ, explicou os eixos das ações, trouxe questões sobre heteroindentificação.

Ao final o público presente foi chamado a falar sobre as professoras negras com quem estudaram: Ana Maria, Giane, Sandra, Dona Tó, Ruth.
Uma conferência sobre educação de mulheres negras visa a promover a igualdade de gênero, superar barreiras sistêmicas e específicas que elas enfrentam (como pobreza ou violência de gênero), compartilhar melhores práticas e fortalecer a liderança feminina. Esses eventos criam um fórum de discussão entre especialistas, profissionais e jovens para desenvolver estratégias políticas e soluções inovadoras que garantam o acesso equitativo à educação de qualidade e melhorem a condição das mulheres. Dentre seus vários objetivos o principal é superar barreiras, além de promover a igualdade pensando o acesso equitativo à educação de qualidade para todas as mulheres, particularmente em contextos humanitários ou de fragilidade; fortalecer a liderança construindo ambientes de aprendizagem inclusivos para desenvolver as habilidades de liderança das mulheres; compartilhar conhecimento; desenvolver estratégias, posto que os participantes podem iniciar ali, baseados nos questionamentos que são feitos, planos de ação concretos e recomendações políticas para acelerar a conquista da igualdade de gênero na educação e além; construir redes e parcerias, para apoiar a agenda de longo prazo da educação das mulheres. E é uma união, mão na mão, para enfrentar desafios contemporâneos.

Uma mestranda arquiteta lutando pelo instituto Ruth Guimarães

As reflexões desenvolvidas ao longo desta dissertação conduzem a uma constatação que não pode ser silenciada: propor a criação de um centro cultural no Brasil, sobretudo em uma cidade do interior, significa enfrentar uma série de obstáculos estruturais e simbólicos que extrapolam o campo arquitetônico. Trata-se de um gesto que desafia a lógica de um país que, historicamente, não valoriza a cultura, negligencia a preservação do patrimônio e ainda resiste em reconhecer a potência das manifestações artísticas e literárias negras. Ao localizar o projeto em uma região interiorana, não apenas se explicitam os desafios materiais – como a carência de políticas públicas e o descaso com a infraestrutura -, mas também se revela um quadro mais amplo de invisibilização social e cultural, atravessado por desigualdades e preconceitos arraigados.

O exercício aqui apresentado assume, portanto, um caráter duplamente desafiador: arquitetônico e político. É arquitetônico porque se propõe a dialogar com a paisagem natural, estabelecendo uma relação de harmonia com o meio ambiente em um país em que este é sistematicamente desconsiderado, explorado e degradado em nome de lógicas mercantilistas e de uma concepção desenvolvimentista que privilegia a produção de lucros em detrimento da vida. E é político porque tensiona as narrativas oficiais, ao trazer para o centro do debate a obra e a trajetória de Ruth Guimarães – escritora que, com coragem e sensibilidade, se autodefiniu como “pobre, preta, caipira e mulher”, condição que, por si só, carrega o peso de interseccionalidades que ainda hoje são alvos de violência, exclusão e silenciamento no Brasil.

Homenagear Ruth Guimarães é, nesse sentido, mais do que resgatar a memória de uma autora; é reafirmar a importância da valorização da cultura negra e do legado das mulheres que ousaram escrever contra as correntes dominantes de sua época. A escolha de Ruth como matriz simbólica deste projeto não apenas legitima sua relevância como intelectual e agente cultural, mas também aponta para a urgência de uma luta contínua pela preservação do patrimônio cultural em um país onde a degradação e a homogeneização arquitetônica resultam diretamente da ausência de identificação da população com os espaços. Quando a apropriação popular é substituída por interesses do mercado, o patrimônio deixa de ser percebido como bem coletivo e se torna vulnerável ao esquecimento e à destruição. Assim, o que está em jogo não é apenas um edifício, mas a própria noção de pertencimento e identidade de uma comunidade.

O projeto aqui delineado assume essa batalha como um exercício constante de resistência: construir espaços que favoreçam a memória, o encontro e a expressão cultural é uma forma de se opor à lógica de apagamento e exclusão que ainda estrutura o país. Mais do que um gesto arquitetônico, é um gesto político e social, que busca contribuir para a construção de uma coletividade mais consciente de seu patrimônio e mais disposta a defendê-lo. Trata-se de uma tentativa de reverter o quadro de negligência cultural e ambiental, criando fissuras em um sistema que insiste em invisibilizar aqueles que não se encaixam no padrão dominante.

Nesse processo, torna-se evidente que lidar com temas como cultura, patrimônio, natureza e identidade em um país como o Brasil é enfrentar uma dezena de dificuldades, preconceitos e contradições. Mas é justamente nessa dificuldade que reside a potência do trabalho. Ao propor um pavilhão sustentável para o centro cultural em homenagem a Ruth Guimarães, este projeto não apenas reconhece a grandeza de uma mulher que soube transformar em literatura sua condição social e racial, mas também reafirma a necessidade de manter viva a memória daqueles que foram sistematicamente marginalizados. Preservar a cultura, o meio ambiente e a história é, assim, um exercício de resistência e de esperança, um chamado a reconstituir laços de pertencimento e a cultivar um futuro mais justo e plural.

Nesse sentido, a pesquisa abre também possibilidades de desdobramentos futuros. Entre eles, destaca-se a necessidade de aprofundar os estudos sobre a aplicação da bioconstrução em centros culturais, sobretudo em contextos interioranos, ampliando referências técnicas e consolidando sua viabilidade normativa e econômica. Outro caminho é a aproximação com as universidades, de modo que canteiros experimentais como este possam ser incorporados às atividades de extensão em cursos de Arquitetura, Urbanismo e Engenharia Civil, funcionando como espaço de aprendizado prático e de engajamento comunitário. Além disso, a continuidade da investigação pode contemplar o desenvolvimento de projetos complementares – estruturais, de interiores e de paisagismo -, bem como a análise de modelos de gestão participativa capazes de assegurar a vitalidade e a sustentabilidade do equipamento cultural a longo prazo. Essas propostas indicam que o trabalho aqui apresentado não se encerra em si mesmo, mas constitui ponto de partida para novas pesquisas e práticas comprometidas com a cultura, a memória e a justiça socioambiental.

Ruth Guimarães

Ruth Guimarães, homenageada

1ª FLIB – Festa Literária de Bananal movimenta o Vale Histórico

Na primeira edição do evento Circuito ENCANTE (Encontro de Causos da Nossa Terra), realizado entre 29 e 31 de agosto, a autora de Cachoeira Paulista foi homenageada.
Seu filho, Joaquim Maria Botelho, abriu o evento, ao lado do professor Wagner Fernandes, falando da obra e biografia da escritora para um público interessado.
Um conjunto de banners que resumem sua trajetória intelectual e vários títulos de seus livros permanecerão expostos no Casarão Lilás de Cultura, no centro de Bananal, até o dia 20 de setembro.
Os organizadores levarão a exposição a escolas municipais e estaduais, para divulgar e discutir os livros de Ruth Guimarães.

 

Prêmio Ruth Guimarães III Jornada da Mulher Negra

O Núcleo de Estudos e Pesquisas Étnico Raciais (NUPE) da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/Unesp) aproveitou o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho, realizou  na Pinacoteca Fórum das Artes um evento com programação diversificada: palestras, atividades culturais, apresentação de trabalhos e relatos de vivências, e muito debate, muitas questões. Em um espaço seguro, onde as pessoas se sentem acolhidas, onde se pode falar e ser escutado, onde há construção coletiva. Onde se pode construir uma rede de apoio porque as pessoas, – os docentes, discentes, palestrantes, coordenadores, organizadores – falam a mesma língua, têm um lugar de fala e dialogam.

O tema proposto para Júnia Botelho, representante do Instituto Ruth Guimarães, foi sobre a ancestralidade, ou mais precisamente: uma palestra sobre os saberes ancestrais, oralidade e produção de memória. As moderadoras foram a doutoranda Gabriela Botelho e a sra. Aparecida Donizete. Não por acaso, Gabriela e Júnia são parentas, a prima Gabriela, neta de primo, distante no tempo, mas de uma proximidade trazida pelos ancestrais, de uma voz que escutamos e não sabemos de onde vem. Aparecida fez perguntas muito pertinentes. Nem sempre temos respostas para todas as questões, mas nem por isso elas devem deixar de ser colocadas. A dor é ancestral? Não sei, mas certamente a felicidade é. A felicidade de ter comigo, a meu lado, como um apoio, Gabriela, que nem era Botelho, nasceu Ferreira e foi mudando seu nome ao longo do tempo. Por quê? Porque era assim que tinha de ser. E porque assim foi. Doemos, sim, choramos, sim, e isso não deve ser esquecido. Mas a dor ancestral não deve doer somente para nos fazer chorar, cantemos, dancemos, porque temos esse banzo, esse profundo sentimento de melancolia e saudade da terra natal, da família e da liberdade, que faz parte de nossa história e de nossa pele, sentimos, mas não podemos morrer por ele – devemos viver por ele e fazer disso um passo para ir além e fazer viver nossa história de outra maneira.

O sobrenome. Então não temos sobrenome? Perdemos o que tínhamos e não somos mais nada? Não temos mais a ancestralidade? Somos aqueles que fomos, e que nem sabemos mais de onde viemos, mas que trazemos na pele, e ganhamos o que conquistamos. As particularidades e especificidades daqueles que aprendemos a ser, à força ou com o tempo adaptando-nos ao que temos. Quem eu sou e de onde eu venho está ligado a este nome que não tenho? Eu sou minha mãe, minha avó, minha bisavó e me deixo em minha filha. A ancestralidade é a filha que eu não tive e, no entanto, é a filha que se tornou. Minha filha é branca de mãe preta, Gabriela é preta de mãe branca e, no entanto, somos ela e eu da mesma linhagem. Meu nome é aquela que me tornei. As tradições podem recomeçar. Ou começamos outras. Os saberes ancestrais ganham novos sabores, o sabor da memória, que está ressignificada nas relações intergeracionais, só temos que saber como passar e receber os saberes e os sabores. Temos de resgatar esse ciclo de cuidados, temos de pertencer e para isso lembrar o tempo todo, fazer da memória não um canto de lamentos, mas um canto de ninar e fortalecer nossa identidade. A luta pela nossa preservação, pela nossa existência e pela nossa dignidade vem do tempo de conversar e de passar a informação. Cuidemos da alma!

Ruth Guimarães conta histórias: “Escrevo para que, afinal? Para obter honra e glória? Para poder dizer tudo o que penso?”, questiona a autora em um dos trechos do seu livro Contos de cidadezinha. “Ah! Eu conto histórias para quem nada exige e para quem nada tem. Para aqueles que conheço: os ingênuos, os pobres, os ignaros, sem erudição nem filosofias. Sou um deles. Participo do seu mistério. Essa é a única humanidade disponível para mim.” Ela conta histórias e nós não estamos mais contando. Não sabemos mais a origem de nosso nome. Só não teremos mais nome, se não tivermos mais memória. A jornada da mulher negra trouxe novamente à tona o nome de Ruth Guimarães. E de todas essas mulheres enfermeiras, doulas, médicas, professoras, assistentes, que estavam ali assistindo, conversando, palestrando, ajudando a fazer a comida para os intervalos, declamando, rindo, se emocionando o que escutamos? Histórias. Comovidas e comoventes. Pessoas ocupando seu espaço. Representando e sendo representadas por seus pares.

Houve uma reivindicação muito apropriada que saiu dessa jornada: é necessário haver mais representatividade, os nossos precisam fazer parte das decisões, porque somente assim a universidade será verdadeiramente democrática. O povo preto não está preparado para concorrer a esses postos de decisão? Então como preparar o povo preto? Como preparar concursos de forma mais justa? A jornada não deve ser somente teórica, mas apresentar propostas para serem enviadas a responsáveis governamentais. Para que seja um movimento mais efetivo.  Mais ação, mais soluções, instrumentalizando a população da jornada. Das jornadas. Da universidade. Do mundo.

Ruth Guimarães deu o nome a um prêmio. Esperemos que seja inspiração.

A bênção: narrativas das matriarcas

O legado de Ruth Guimarães

O Sesc Pompeia está realizando escutas literárias na Biblioteca com vozes ancestrais e presenças plurais. Esses encontros literários se chamam “As Filhas da Literatura”, o primeiro deles aconteceu no dia 20 de agosto e apresentou as filhas das escritoras Carolina Maria de Jesus e de Ruth Guimarães, mostrando a importância das obras e legados dessas figuras femininas em um importante centro cultural em São Paulo projetado por uma mulher:  Lina Bo Bardi, reconhecidamente uma das obras arquitetônicas mais importantes do pós-Segunda Guerra Mundial. A programação literária do Sesc Pompeia traz vozes negras, indígenas, femininas e LGBTQIA+ que escrevem, contam, colam, bordam, leem e compartilham saberes. Estes encontros receberam o nome de “A bênção: narrativas das matriarcas”, porque não se trata somente de literatura, são também os gestos, os passos, os caminhos, as travessias, o direito à memória de mulheres que, porque não sabiam que não era possível, foram lá e fizeram. Fizeram caminhos, e agora estão sendo lembradas por outras, que estão caminhando no seu caminhar. “São diálogos entre gerações, entre a oralidade e o papel, entre o silêncio que veio antes e a palavra que agora pede passagem”, como disse Ketty Margarete Valencio, bibliotecária do Sesc Pompeia. No dia 20 de agosto, Júnia Botelho e Vera Eunice de Jesus, filhas de Ruth Guimarães e Carolina Maria de Jesus, se encontraram e conversaram, contaram suas histórias e a de suas mães, se surpreenderam com tanta diferença em um mesmo Brasil, em uma mesma época, fizeram o público rir e chorar. Mário Medeiros, o mediador, conheceu Ruth pessoalmente, a entrevistou, escreveu um belo artigo sobre ela chamado Os acontecimentos de Ruth Guimarães (1920-2014): alcances e limites para uma intelectual negra em São Paulo, tinha um bom conhecimento sobre a literatura de Carolina, foi ligando o que conheceu com o que leu e foi uma boa roda de conversa, dinâmica, com interação do público. As diferenças se complementam, fazem uma colagem e o Brasil todo ganha com essas reflexões e com esses legados: o de duas das maiores escritoras negras do país, e com todos os outros encontros interessantíssimos, que você não deve perder. No Sesc Pompeia, em todos os Sescs, e onde você puder encontrar as matriarcas, as filhas, as netas da literatura e das tradições populares.

Ruth Guimarães na Flipinda 2025

A obra literária em livro de clássicos

Representando o Instituto Ruth Guimarães, Joaquim Maria Botelho participou, no dia 9 de agosto, no Armazém da Lagoa, da 3a. edição da Festa Literária de Pindamonhangaba, a Flipinda 2025.

Na mesa que celebrou o lançamento do livro Grandes Escritores do Vale do Paraíba – volume 2, organizado por Alexandre Marcos Lourenço Barbosa, Joaquim Maria falou do texto que produziu sobre o pioneirismo de Ruth Guimarães, tanto na literatura quanto na educação.

Em uma segunda mesa, Joaquim Maria foi o mediador de uma mesa cheia de debates e algumas divergências, sobre a relação de literatura e meio ambiente, com Getúlio Martins e Dal Marcondes, dois ícones da defesa da natureza na nossa região.

Ruth Guimarães

MALAZARTE – Memória, atuação, máscaras, commedia dell’arte e muita emoção no Instituto Ruth Guimarães

A CASA REALEJO é um grupo de teatro ancorado na Região da Bacia do Juquery, vivem criando, atuando e trabalhando com a comunidade das cidades de Francisco Morato, Franco da Rocha e Mairiporã. 10 anos de vida e nasceram com um trabalho de arte-educação com crianças em situação de acolhimento. Nesse caminho já construíram seis trabalhos cênicos : O tarô dos loucos, A rua dos fantasmas, A casa da vó, Folia dos pássaros e Casa Kafka. MALAZARTE é o novo trabalho, fruto de mais de cinco anos de pesquisa embrenhada na cultura caipira. São um grupo da periferia, portanto arregaçam as mangas e vão a campo trabalhar com a comunidade, realizam oficinas, fazem pães, se conectam com outros coletivos. Além disso fizeram dois filmes-documentários : Os arcanos da loucura, que nasceu junto com a peça O tarô dos loucos e trata das vidas encarceradas no Hospital Psiquiátrico do Juquery, e Muro de arrimo, sobre vidas ceifadas em deslizamentos de terras durante chuvas na nossa região. Conheçam melhor sua trajetória nas redes sociais:
https://www.youtube.com/@CasaRealejo
https://www.instagram.com/casarealejodeteatro/
MALAZARTE
A comédia é inspirada na figura de Pedro Malazarte, pícaro que vive na oralidade brasileira representando a astúcia, a profunda capacidade de maleabilidade e as artimanhas que o povo pobre enfrenta para driblar os poderes constituídos. A sabedoria do povo, eis o coração desse mito que ganha diversos nomes variados mundo afora.
A peça mostra duas histórias conhecidas de Malazarte: a Panelinha Mágica e Sopa de Pedras. Para contá-las o grupo constrói um universo de elementos da cultura caipira com catira, referências à troperagem e uma simbologia que referencia esse Malazarte no tempo da memória. Os artistas também foram buscar nas máscaras da Commedia dell’arte, inspiração para modelar as personagens e situações vividas na peça.
Com direção de Flávia Bertinelli e dramaturgia de Luís Alberto de Abreu e Eduardo Bartolomeu, a peça teatral Malazarte foi criada para alcançar públicos de diferentes idades, que logo reconhecem esta figura cômica. A música executada ao vivo por Danilo Pique e Mário Deganelli, constrói uma paisagem sonora que concretiza os objetos invisíveis construídos pelos atores. A dança do catira, muito presente na cultura paulista, também é recriada na peça, que evoca sapateados, canções ponteadas por violas e aboios.
No segundo semestre de 2025, a peça circulará por 14 municípios do Vale do Paraíba e da Bacia do Juquery, que teve início no Instituto Ruth Guimarães, em Cachoeira Paulista, onde o grupo fez uma homenagem à escritora que tanto contribuiu para a cultura brasileira. Além de uma apresentação para o público e um sarau em volta de uma fogueira, houve também oficinas de Commedia dell’Arte, de Dramaturgia e de Atuação, extremamente sensíveis e sensibilizadoras, comoventes, acreditamos que Ruth estava participando de todas as práticas, ouvindo as histórias do senhor José que estava no público e trouxe mais algumas para a coleção e as quais ela certamente usará no segundo volume da Saga, dançando as danças que ela ajudou a ensinar, mostrando que ser caipira é um adjetivo que merece respeito.
O projeto conta com subvenção de recurso do Proac-Lab – Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo / Lei Aldir Blanc, do Governo do Estado de São Paulo, Ministério da Cultura.
DAS OFICINAS
1. “Comédia Popular dialoga com a Dell’arte”
com o dramaturgo “Luis Alberto de Abreu” e a diretora, Flávia Bertinelli;
2. “Escutatória Porta a Porta” – Teatro e Memória
Com Eduardo Bartolomeu
Cineasta convidado: Diego Galera, para os registros fotográficos e recortes em vídeo.
FICHA TÉCNICA
DRAMATURGIA: LUÍS ALBERTO DE ABREU E EDUARDO BARTOLOMEU
DIREÇÃO: FLÁVIA BERTINELLI
ELENCO: EDUARDO BARTOLOMEU E FLÁVIA BERTINELLI
MUSICISTAS: DANILO PIQUE E MÁRIO DEGANELLI
DIRETORA DE ARTE: KARLA PÊ
ASSISTENTE DE CENÁRIO E FIGURINO: VLAD VICTORELLI
PRODUÇÃO: CASA REALEJO DE TEATRO
PREPARAÇÃO DE CORPO: ÉSIO MAGALHÃES
PREPARAÇÃO DE CANTO: RODRIGO MERCADANTE
MÍDIAS SOCIAIS: RAQUEL HELENA
ILUMINAÇÃO :(quando os espaços forem fechados) FAGNER LOURENÇO
VIDEO-MAKER: DIEGO GALERA
DESIGNER GRÁFICO: RAQUEL HELENA
FOTOS: DIEGO GALERA
PRODUTORAS LOCAIS: JÚNIA BOTELHO , TATIANA MADURO
MUNICÍPIOS DA CIRCULAÇÃO:
Vale do Paraíba: Cachoeira Paulista, Caçapava, Pindamonhangaba, São José dos Campos e São Sebastião e, Bacia do Juquery- Caieiras, Francisco Morato, Franco da Rocha, Mairiporã, Cajamar, Nazaré Paulista e Pirapora do Bom Jesus.

1º Festival de inverno Ruth Guimarães

Os festivais de inverno ao redor do mundo enriquecem a vida das cidades, destacando sua identidade cultural, sua história e seu patrimônio. Eles também proporcionam uma oportunidade de reunir moradores e visitantes em uma atmosfera acolhedora e festiva, contribuindo assim para incentivar a economia regional, mas oferece principalmente uma plataforma para a expressão artística, como música, teatro ou artes visuais, além de oportunidades de descoberta. O tema do festival no Instituto Ruth Guimarães homenageou sua anfitriã. Para que assim todos compartilhassem o calor, a alegria e um sentimento de união durante este tempo frio. Este ano, além da equipe do Instituto Ruth Guimarães, Marcos, Letícia, Joaquim Maria e Júnia Botelho, a produção teve a assistência de Jahfy Borges, idealizador do projeto, e Bruna Satim. Recebemos Marcelo Nanah, Claudio Abreu, Carol e Larissa, Maria Botelho, Edmundo Carvalho, Jurandir Rodrigues, Evelym Landim, Mari Mazzi, Leila Satim, Maryah Bittencourt, Joyce Souza, Melina Ourique, Cervejaria Rota 116, Cecília e Bah – artesãos, Rafael Vieira e Maria Clara Ribeiro, um grupo de atores representando a Cia Cassio B, que fez parte do filme “Água Funda” e seu diretor Cássio Borges, a contadeira de histórias Cíntia Carbone.
Recebemos as atrizes e produtoras do Manifesta Companhia, da cidade de Campinas, que estão fazendo pesquisas para o projeto Acontecências, um espetáculo infantojuvenil sobre a vida e obra de Ruth Guimarães. Haverá um bate-papo e mediação de leitura após as apresentações e será aberto ao público na cidade Campinas. O projeto tem dramaturgia, criação e atuação de Brisa Vieira, Gabriela Giannetti e Lila Marilia, atrizes experientes na relação com o público infantojuvenil. Para a direção e colaboração na dramaturgia do espetáculo, a Manifesta Companhia fará uma nova parceria com Andrea Ojeda, reconhecida dramaturga e diretora de Buenos Aires (Argentina), cuja abordagem cênica investiga obras literárias escritas por mulheres e escritoras latino-americanas. Andrea vem construindo uma ponte sólida de intercâmbio com grupos e artistas do Brasil, entre eles a Manifesta Companhia.
Recebemos também a Veridiana Lima, que faz parte de um grupo de euritmia que está trabalhando a poesia de Ruth Guimarães, ainda inédita, mas que em breve será lançada pela editora Primavera em um livro chamado Folhas Soltas. O festival foi um imenso laboratório de ideias e de experimentações e de homenagens e de compartilhamento.
Agradecemos a divulgação da rádio Alvorada FM e da rádio Canção Nova e a parceria de sempre do jornal ValeVivo, além do grupo de amigos do clube de leitura do amigo Gustavo Dabul.
No próximo ano iremos fundir o festival com a semana Ruth Guimarães, no mês de agosto. Fiquem atentos, tenho certeza de que já estão marcando na agenda para não perder!