O Instituto Ruth Guimarães na FATEC

As Faculdades de Tecnologia – Fatecs – são instituições públicas de ensino superior que oferecem cursos de graduação em tecnologia gratuitos. O curso de Tecnólogo em Eventos prepara seus alunos para organizar e apoiar a logística de eventos, principalmente, mas não exclusivamente, no âmbito da abordagem de equidade, diversidade e inclusão que lhe é confiada. Oferece oportunidades para que esses alunos pratiquem o que aprendem, ganhem uma cultura ampla, dinamizando assim sua aprendizagem. O Instituto Ruth Guimarães apoia as iniciativas educadoras e o que vimos nas manifestações dos grupos de alunos tecnólogos de eventos das quais o INRG participou é : são realizados encontros com artistas e obras, com práticas individuais e coletivas em diferentes campos artísticos, e conhecimentos que permitem a aquisição de referências culturais, bem como o desenvolvimento da faculdade de julgamento e da mente crítica. Esta deve ser sempre a grande meta de um curso que pretende pensar a educação artística e cultural como o verdadeiro objetivo de formação. Hoje, 30 de outubro de 2024, esses tecnólogos foram acolhidos no Capitólio, na cidade de Cruzeiro-SP, e o Instituto Ruth Guimarães está representado pelo seu diretor executivo, Marcos Guimarães Botelho.

UBE homenageia Ruth Guimarães

Concurso de crônicas leva o nome da escritora

Ruth Guimarães

Capa do livro com as crônicas selecionadas.

União Brasileira de Escritores promoveu neste dia 21 de outubro de 2024 o anúncio da crônica vencedora do Concurso de Crônicas Ruth Guimarães. Além do troféu entregue a Cristina Siqueira, pela crônica “Conversando com Monalisa”, pelo atual presidente da entidade, Ricardo Ramos Filho, outras 20 crônicas foram selecionadas para compor um livreto publicado pela Editora Galáctico. O prefácio do livreto teve a autoria de Joaquim Maria Botelho, filho de Ruth Guimarães e que também presidiu a UBE (2010-2015).
A cerimônia foi realizada no Cine LT3, em São Paulo. É um autêntico cinema de rua, na Apinagés, no bairro de Perdizes, em São Paulo. O conceito do Cine LT3 é promover sessões com filmes de arte, como fazia o Cine Belas Artes, que lamentavelmente foi fechado há alguns anos, depois de décadas como ponto de cultura e de reunião de entusiastas do cinema.

Resultado do Concurso de fotografia “Zizinho Botelho” – 2024 – 4ª Edição

O tema escolhido para o concurso de fotografia “Zizinho Botelho” 4a edição foi BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS. Priorizamos o quesito originalidade e anexamos ao edital uma crônica de Ruth Guimarães como fonte de ideias para o tema. Em sua crônica ela fala de histórias, de contos, de delicadeza, de singeleza, de simplicidade. Importante foi descobrir as próprias visões do título do concurso deste ano, ir além do tema. Usar a criatividade! Parabenizamos todos os participantes e convidamos todos vocês para a próxima edição, que acontece de 22 de março a 22 de maio de 2025. Fiquem atentos ao edital no site do Instituto Ruth Guimarães.

Segue abaixo os vencedores, as fotografias e a pontuação dos participantes.

Categoria infantil – 04 a 08 anos (Baixe aqui a planilha com a classificação)

 


 

Categoria 09 a 12 anos (Baixe aqui a planilha com a classificação)

 


 

Categoria 13 a 17 anos (Clique aqui para baixar a planilha com a classificação)

 


 

Categoria adultos (Clique aqui para baixar a planilha com a classificação)

 


Feira do Livro da Rodoviária de Taubaté

Ruth Guimarães por Joaquim Maria Botelho

Foi possivelmente a palestra mais emocionante que apresentei sobre Ruth Guimarães, minha mãe. A plateia, quase toda de professores, ia mostrando crescente afeto pela pessoa de quem eu ia falando, e a admiração pelos textos que eu citava era flagrante. Falei por 1h40 e as pessoas me pediam para continuar. Nicodemos Sena precisou avisar que o horário de fechamento da feira literária estava chegando. Depois da sessão de perguntas, ainda ficou bastante gente querendo saber mais, comprar livros, fazer comentários. Um evento que levou mais leitores para Ruth.

 

Contando histórias de Ruth Guimarães na Escola Girlene de Carvalho, Cruzeiro/SP

Escola Girlene de Carvalho, Cruzeiro/SP

Escola Girlene de Carvalho, Cruzeiro/SP

Escola Girlene de Carvalho, Cruzeiro/SP

Escola Girlene de Carvalho, Cruzeiro/SP

Contar histórias é absolutamente essencial e apoia o desenvolvimento dos nossos filhos em diferentes níveis. Por que contar histórias é essencial para nossos filhos?
A importância da fala:
Em primeiro lugar, as histórias permitem-nos desenvolver a fala, traduzir a realidade em palavras. Usar a fala para nomear, descrever e comunicar eventos e emoções apresenta à criança o poder e o poder das palavras. Colocar uma palavra sobre um medo, uma ansiedade ou uma alegria intensa, é identificá-lo melhor e assim “colocá-lo à distância”, distância necessária para compreender e apreender nossos sentimentos.
De 1 ano a 3 anos, a criança desenvolve sua linguagem de forma impressionante. Ela passa das primeiras palavras às primeiras frases completas. Ler e contar histórias para a criança e olhar livros com ela promovem fortemente o desenvolvimento da linguagem, além de despertar seu interesse pela palavra escrita e enriquecer sua imaginação.
Dominar seus medos arcaicos:
Desde muito pequeno, a criança sente emoções e até medos que o dominam. As histórias permitem-lhe sentir que o que sente é perfeitamente normal; sentimentos de abandono, angústia são amplamente retratados nas histórias. Poderá compreender melhor o que está vivenciando e desenvolver soluções; poderá até fazer perguntas, se sentir necessidade.
Desenvolver a escuta ativa:
Contar uma história requer maior escuta e atenção. Sente-se confortavelmente, peça-lhe que escolha a sua história e verá que o seu filho é capaz de se concentrar muito!
Para entender a realidade:
“As crianças precisam do apoio da magia para poder enfrentar a vida”, escreveu o psiquiatra Bruno Bettelheim em seu livro “Ser pais aceitáveis”. Para crescer, a criança usa constantemente a imaginação.
As histórias têm a vantagem de apelar à imaginação, o que lhes permite trabalhar a percepção da realidade. E se a criança gosta tanto delas é porque apresentam trocas que lhe solicitarão o mais importante: o manejo da ansiedade. As histórias podem aliviar essa ansiedade.
O prazer de estarmos juntos:
Por fim, se é fundamental contar histórias às crianças é porque é a melhor forma de passar bons momentos com elas. Muitas crianças fazem os pais repetirem a mesma história indefinidamente. Este é um conhecido ritual de tranquilização que as crianças adoram porque encerra o dia da forma mais maravilhosa.
Então, vamos economizar um tempo valioso de leitura para nossos filhos, para torná-los exploradores de histórias e talvez pequenos escritores! E por que não com Ruth Guimarães, uma escritora nascida no dia 13 de junho, no dia de Santo Antônio, na cidade de Cachoeira Paulista, tornando a autora tão próxima dos pequeninos? E os pequeninos se aproximam mais do que podemos imaginar! Escola bonita, professores dinâmicos, ativos, procurando fazer a criançada trabalhar e descobrir. Acredito que este é o caminho onde Ruth gostaria de andar.

Ruth Guimarães, patronesse da mostra folclórica pedagógica Raizes caipiras, Cruzeiro/SP

Júnia Botelho - Instituto Ruth Guimarães

Júnia Botelho – Instituto Ruth Guimarães

Alunos da Escola Ita Fortes em Cruzeiro-SP

Alunos da Escola Ita Fortes em Cruzeiro-SP

As palavras da língua materna e os seres, coisas, estados, relações, constitui uma necessidade psíquica que nos torna seres falantes: existimos porque temos nome, porque falamos mamãe, papai, irmão, irmã: então sabemos que estamos em uma família. Depois que estamos em uma escola, em um trabalho. Sabemos que estas palavras são apenas palavras, mas é a partir delas que ganhamos identidade, quando fazemos a relação entre palavras e coisas.
Para Ruth Guimarães, ser valeparaibana, ser cachoeirense, era sua identidade. Tornou isso visível em sua linguagem.
O Instituto Ruth Guimarães vai às escolas e conversa. Vai às escolas e conta histórias da Onça, histórias do Jabuti, Lendas e Fábulas do Brasil, Os dois papudos, que estão no livro João Barandão e outras histórias. E a inédita História dos Quatro Pintinhos em Quatro Tempos e Seis Lições. Mostramos a linguagem de Ruth Guimarães, seu ritmo, sua prosa, seu vocabulário rico e seu jeito de contar como quem ainda está em volta da mesa, oferecendo seu chá com bolo. Ela é tradição, folclore, além dos eternos caiporas e mula sem cabeça. Ruth Guimarães nos faz descobrir que folclore e história são a mesma coisa e são muita coisa. As crianças da escola Ita Fortes foram receptivas e me abraçaram. Acredito que Ruth Guimarães sorriu!

Concurso fotográfico tem as inscrições prorrogadas

Se você ainda não participou do concurso de fotografias Zizinho Botelho 4a edição: o que está esperando? Traga suas fotos para o concurso mais aguardado do ano! Inscrições pelo email inrg1920@gmail.com. Duas fotos, isenção da taxa para estudantes e funcionários das escolas públicas, ficha de inscrição aqui.

Baixe os editais nos links abaixo:

1 – EDITAL 4o CONCURSO DE FOTOGRAFIA ZIZINHO BOTELHO – ADULTOS

2 – EDITAL 4o CONCURSO DE FOTOGRAFIA INFANTO-JUVENIL ZIZINHO BOTELHO

Ruth Guimarães

Cantando e contando os 10 anos com Ruth Guimarães

Ruth Guimarães

Evento em homenagem a Ruth Guimarães na Praça Prado Filho

Botelho Netto e Ruth Guimarães foram dois estudiosos, que trabalharam muito para aprender. A cultura está muito jogada às traças, qualquer coisa que se fizer neste momento é bem-vindo, porque em algum momento, em algum lugar do mundo, alguém entenderá o quanto a arte é importante para o crescimento do homem. Mas é necessário que tenha vindo algo antes. Então fazemos, comemorando essas vidas de dois incansáveis culturais. Ruth Guimarães queria que o brasileiro tivesse personalidade, tivesse história e para isso fazia pesquisa de campo, pesquisa bibliográfica, era uma atenta observadora. Foi aluna de Mário de Andrade, colega de Câmara Cascudo, participou do Congresso Nacional de Folclore com Rossini Tavares de Lima. Ela concordava com Carlos Rodrigues Brandão que disse: “as pessoas parecem que estão se divertindo, mas elas fazem isso para saber quem são”. Ela queria ajudar a fornecer uma identidade ao povo brasileiro. Para manter viva a memória dessa alegria pela arte, começou a nascer a ideia de criar uma entidade que reunisse não apenas o legado literário físico de Ruth Guimarães, mas que oferecesse oportunidade de discussão e aprendizado de artes em geral, mais especialmente a literatura. Os filhos de Ruth criaram então o INRG: comparecerem cerca de 100 pessoas, que se tornaram membros fundadores. O desafio é fazer tudo, por enquanto, com pouco pessoal, sem financiamento, sem grande marketing, a não ser pelas redes sociais. Aos poucos isso vai mudar, porque crescem dia a dia os muitos admiradores de Ruth Guimarães e Botelho Netto. Ruth Guimarães foi uma mulher inteligente e simples. Cativante pela sua receptividade e pela prosa. E agora, dez anos após sua partida, ela ainda atrai novos leitores : cada novo leitor descobre um motivo diferente para amá-la. A regionalidade: o leitor se identifica e se reconhece na história contada, com as expressões idiomáticas ou até mesmo com alguns “causos” dentro da história. Outros com as vozes polifônicas dos personagens. Outros com a ética dos contos. Outros com as crônicas que são atuais apesar de serem datadas, às vezes, de 50 anos atrás. Outros com a sua sagacidade, profundidade, filosofia, erudição, mordacidade, ironia, alegria, e tantos outros motivos. É uma escritora que é também uma contadora de histórias e os leitores têm prazer em seguir até o fim. Sempre se ouve “como é bom ouvir Ruth Guimarães”. Então vamos seguir mais uma vida toda cantando e contando Ruth. Amém!

Ruth visita Mário de Andrade

Lançamento da reedição de “Contos de Cidadezinha” movimenta o Museu Casa Mário de Andrade

Ruth Guimarães

Joaquim Maria Botelho e Cecília Furquim Marinho, na escada da casa de Mário de Andrade, lugar que Ruth Guimarães conheceu bem quando aluna do mestre, na década de 1940.

Na inauguração da reforma do Museu Casa Mário de Andrade, à Rua Lopes Chaves, 546, foi realizado o lançamento da segunda edição do livro “Contos de Cidadezinha”, originalmente publicado em 1996 – e agora reeditado pela Editora Madamu. Uma mesa de conversa precedeu a sessão de autógrafos, e reuniu o filho da escritora, Joaquim Maria Botelho, a doutora Cecília Furquim Marinho, que defendeu tese sobre “Água Funda”, romance de Ruth Guimarães, e a doutora Fernanda R. Miranda, também estudiosa da vida e obra da autora.
Fernanda participou remotamente, visto que é professora da Universidade Federal da Bahia e está em Salvador. Analisou amorosamente o legado de Ruth Guimarães, detendo-se na linguagem e dimensão social e antropológica dos “Contos e Cidadezinha”. Cecília, por sua vez, traçou um comparativo entre “Contos de Belazarte”, de Mário de Andrade, e “Contos de Cidadezinha”, de Ruth Guimarães, comentando semelhanças literárias e culturais entre as duas obras.
Ao final da mesa, ocorreu a sessão de autógrafos, em conversa bastante animada que se estendeu até às 20 horas.

Representantes do Instituto Ruth Guimarães na mesa redonda com escritores do Vale do Paraíba nas comemorações para o aniversário de 90 anos da USP

O que existe é gente

Ruth Guimarães

Mesa redonda com escritores do Vale do Paraíba

Mesa redonda com escritores do Vale do Paraíba

Um dia desses – afinal de contas tudo aconteceu agorinha mesmo – andei falando sobre linguagem e escrituras. Falando sobre o escrever. Eu comecei a escrever porque tinha umas ideias a respeito da linguagem, sempre gostei muito de discutir a linguagem dos autores. Li grandes escritores, vi por exemplo que Lima Barreto tem muitas ideias, vai fundo em seus pensamentos, mas tem uma linguagem horrível. Não era uma linguagem horrível, não. Era uma linguagem muito boa, mas sem aquele aval do escritor que sabe escrever. Jorge Amado… Jorge Amado comove as pessoas, tem uma linguagem bonita, dá adjetivação, é um narrador muito bom, é um descritivo também muito bom, mas não sabe escrever. Por isso prejudicou a perenidade dos livros dele.
Existe uma leviandade de se fazer o que não se sabe. E resolvi escrever sabendo o que eu estava fazendo, mesmo se eu não me tornasse um escritor, uma criatura de ideias, iria pelo menos fazer da língua um verdadeiro instrumento de trabalho.
Se escolhemos ser lixeiros, que sejamos o lixeiro; se escolhemos ser ourives, que sejamos o ourives; e se escolhemos ser escritores, que sejamos o escritor.
Por isso cuidei da forma. Por isso entrei na USP, na seção de Letras Clássicas, para aprender latim, grego e português, três línguas mortas. Minha língua portuguesa. Preocupo-me com a linguagem, com a adequação à forma. Ser escritor é mais do que escrever, apenas. Falo da literatura como ofício, não como desabafo, denúncia, declaração de amor. É preciso um comprometimento profissional com a literatura, com o apuro da forma, com a experimentação da linguagem.
Eu queria escrever como se falava, mas não escrever como se falava à maneira do Guimarães Rosa. Briguei muito com o Guimarães Rosa, imagine que atrevimento! Mas eu dizia: “Guima, você não tem direito de cunhar palavras, de criar palavras, a palavra só existe se tiver um povo que fale, a palavra é povo. E você põe aí, por exemplo, o mato aeiouava. Muito bonita a palavra, muito engraçada também, mas não vale nada, quem vai falar essa palavra daqui pra frente? Só você. Nos seus livros, daqui a não sei quantos anos, esta palavra que está aqui não existe”.
Palavra que não é de povo é palavra morta. Língua universal é ter um monte de gente usando. O inglês é universal. Usar o esperanto – ah! O que é isso? Não tem povo que fale, não existe. O que existe é gente. É este então o meu sentido, a direção da minha escrita. Quando eu escrevi, eu quis escrever numa linguagem que ninguém tinha usado, a linguagem valeparaibana. Qual é o escritor que escreveu o valeparaibano? Só eu. Eu tinha direito primeiramente porque sou povo daqui, sou caipira. Segundo porque eu tinha uma experiência grande da linguagem mais profunda, da linguagem que se usa para rezar, por exemplo, da linguagem que se usa para amar, sou intérprete de uma língua que existe, que é o valeparaibano: e eu escrevi em valeparaibano. Um pouco de Minas também, porque vim de uma fazenda de Minas. Não nasci lá, sou de Cachoeira Paulista, mas vim de uma fazenda de Minas. Escutei aquelas conversas todas lá e pus no livro com a maior fidelidade possível, porque sou caipira, mas em cima do caipirismo, da caipirice, eu sou uma criatura estudada, trabalhada.
Vou me repetir, mas não faz mal: eu conto histórias para quem nada exige, e para quem nada tem. Para aqueles que conheço. Sou um deles. Participo do seu mistério. Essa é a minha única humanidade.