As feiras literárias são encontros públicos onde obras literárias são discutidas em público, muitas vezes discutidas pelos próprios autores ou por profissionais (críticos, editores, etc.). Esta forma relativamente recente de mediação da literatura envolve a transição de uma prática de leitura vivenciada como solitária (o leitor diante do seu livro) para uma prática coletiva, que assim se apropria da noção de “público”, como um grupo reunido pelo e para o evento: a feira “celebra a literatura e as suas ressonâncias, e constrói uma ligação entre a solidão da criação literária e a efervescência do encontro coletivo”[1]. A Feira literária de Paraty – FLIP – influenciou as feiras do Brasil todo, e que está se espalhando pelo Vale do Paraíba. Temos a Fllor, de Lorena, a Flipinda, de Pindamonhangaba, a Flic, de Cruzeiro, a Flil, de Lavrinhas, a Flig, de Guaratinguetá.
Esta última aconteceu nestes dias 14 a 16 de novembro e homenageou Ruth Guimarães em uma mesa com Clarice Lispector e Betina Marino. Mesa: Literatura, mulheres e mídia: um encontro com Clarice Lispector, Ruth Guimarães e Betina Marino com as convidadas: Carla Orrú, Júnia Botelho e Juraci de Faria Condé, mesa mediada por Ivan Reis. Foi feita uma contextualização da vida e obra das escritoras com o objetivo de traçar um breve perfil biográfico de cada uma delas; discutiu-se suas carreiras, pois Clarice, Ruth e Betina também atuaram, para além de seus textos ficcionais, em veículos jornalísticos importantes para a mídia do Brasil. São vozes femininas que ainda ecoam nos dias de hoje.
O que ainda não conhecemos de cada uma e para quais leitores seus textos eram destinados. Sobre as questões de estilo, a conversa foi chegando no fato das escritoras também darem voz a assuntos que se tornaram relevantes em suas obras e, consequentemente, atravessaram gerações e o que faz de cada uma ser universal. Descobrimos a guaratinguetaense Betina Marino, revimos os textos de Clarice Lispector e descobrimos algumas curiosidades, as autoras enquanto cronistas de seu tempo e o quanto elas ainda dizem, apesar de ausentes do mercado literário há muito tempo, aqui não estão? Continuam no que fica de suas obras. Foram lidos alguns trechos selecionados pelas convidadas. Foi uma bela homenagem a essas três autoras, com tantos pontos em comum. Vida longa a Betina Marino, Clarice Lispector e Ruth Guimarães. Vida longa às feiras literárias e que o público aumente todos os anos.
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