Botelho Netto e Ruth Guimarães foram dois estudiosos, que trabalharam muito para aprender. A cultura está muito jogada às traças, qualquer coisa que se fizer neste momento é bem-vindo, porque em algum momento, em algum lugar do mundo, alguém entenderá o quanto a arte é importante para o crescimento do homem. Mas é necessário que tenha vindo algo antes. Então fazemos, comemorando essas vidas de dois incansáveis culturais. Ruth Guimarães queria que o brasileiro tivesse personalidade, tivesse história e para isso fazia pesquisa de campo, pesquisa bibliográfica, era uma atenta observadora. Foi aluna de Mário de Andrade, colega de Câmara Cascudo, participou do Congresso Nacional de Folclore com Rossini Tavares de Lima. Ela concordava com Carlos Rodrigues Brandão que disse: “as pessoas parecem que estão se divertindo, mas elas fazem isso para saber quem são”. Ela queria ajudar a fornecer uma identidade ao povo brasileiro. Para manter viva a memória dessa alegria pela arte, começou a nascer a ideia de criar uma entidade que reunisse não apenas o legado literário físico de Ruth Guimarães, mas que oferecesse oportunidade de discussão e aprendizado de artes em geral, mais especialmente a literatura. Os filhos de Ruth criaram então o INRG: comparecerem cerca de 100 pessoas, que se tornaram membros fundadores. O desafio é fazer tudo, por enquanto, com pouco pessoal, sem financiamento, sem grande marketing, a não ser pelas redes sociais. Aos poucos isso vai mudar, porque crescem dia a dia os muitos admiradores de Ruth Guimarães e Botelho Netto. Ruth Guimarães foi uma mulher inteligente e simples. Cativante pela sua receptividade e pela prosa. E agora, dez anos após sua partida, ela ainda atrai novos leitores : cada novo leitor descobre um motivo diferente para amá-la. A regionalidade: o leitor se identifica e se reconhece na história contada, com as expressões idiomáticas ou até mesmo com alguns “causos” dentro da história. Outros com as vozes polifônicas dos personagens. Outros com a ética dos contos. Outros com as crônicas que são atuais apesar de serem datadas, às vezes, de 50 anos atrás. Outros com a sua sagacidade, profundidade, filosofia, erudição, mordacidade, ironia, alegria, e tantos outros motivos. É uma escritora que é também uma contadora de histórias e os leitores têm prazer em seguir até o fim. Sempre se ouve “como é bom ouvir Ruth Guimarães”. Então vamos seguir mais uma vida toda cantando e contando Ruth. Amém!