Representantes do Instituto Ruth Guimarães na mesa redonda com escritores do Vale do Paraíba nas comemorações para o aniversário de 90 anos da USP

O que existe é gente

Ruth Guimarães

Mesa redonda com escritores do Vale do Paraíba

Mesa redonda com escritores do Vale do Paraíba

Um dia desses – afinal de contas tudo aconteceu agorinha mesmo – andei falando sobre linguagem e escrituras. Falando sobre o escrever. Eu comecei a escrever porque tinha umas ideias a respeito da linguagem, sempre gostei muito de discutir a linguagem dos autores. Li grandes escritores, vi por exemplo que Lima Barreto tem muitas ideias, vai fundo em seus pensamentos, mas tem uma linguagem horrível. Não era uma linguagem horrível, não. Era uma linguagem muito boa, mas sem aquele aval do escritor que sabe escrever. Jorge Amado… Jorge Amado comove as pessoas, tem uma linguagem bonita, dá adjetivação, é um narrador muito bom, é um descritivo também muito bom, mas não sabe escrever. Por isso prejudicou a perenidade dos livros dele.
Existe uma leviandade de se fazer o que não se sabe. E resolvi escrever sabendo o que eu estava fazendo, mesmo se eu não me tornasse um escritor, uma criatura de ideias, iria pelo menos fazer da língua um verdadeiro instrumento de trabalho.
Se escolhemos ser lixeiros, que sejamos o lixeiro; se escolhemos ser ourives, que sejamos o ourives; e se escolhemos ser escritores, que sejamos o escritor.
Por isso cuidei da forma. Por isso entrei na USP, na seção de Letras Clássicas, para aprender latim, grego e português, três línguas mortas. Minha língua portuguesa. Preocupo-me com a linguagem, com a adequação à forma. Ser escritor é mais do que escrever, apenas. Falo da literatura como ofício, não como desabafo, denúncia, declaração de amor. É preciso um comprometimento profissional com a literatura, com o apuro da forma, com a experimentação da linguagem.
Eu queria escrever como se falava, mas não escrever como se falava à maneira do Guimarães Rosa. Briguei muito com o Guimarães Rosa, imagine que atrevimento! Mas eu dizia: “Guima, você não tem direito de cunhar palavras, de criar palavras, a palavra só existe se tiver um povo que fale, a palavra é povo. E você põe aí, por exemplo, o mato aeiouava. Muito bonita a palavra, muito engraçada também, mas não vale nada, quem vai falar essa palavra daqui pra frente? Só você. Nos seus livros, daqui a não sei quantos anos, esta palavra que está aqui não existe”.
Palavra que não é de povo é palavra morta. Língua universal é ter um monte de gente usando. O inglês é universal. Usar o esperanto – ah! O que é isso? Não tem povo que fale, não existe. O que existe é gente. É este então o meu sentido, a direção da minha escrita. Quando eu escrevi, eu quis escrever numa linguagem que ninguém tinha usado, a linguagem valeparaibana. Qual é o escritor que escreveu o valeparaibano? Só eu. Eu tinha direito primeiramente porque sou povo daqui, sou caipira. Segundo porque eu tinha uma experiência grande da linguagem mais profunda, da linguagem que se usa para rezar, por exemplo, da linguagem que se usa para amar, sou intérprete de uma língua que existe, que é o valeparaibano: e eu escrevi em valeparaibano. Um pouco de Minas também, porque vim de uma fazenda de Minas. Não nasci lá, sou de Cachoeira Paulista, mas vim de uma fazenda de Minas. Escutei aquelas conversas todas lá e pus no livro com a maior fidelidade possível, porque sou caipira, mas em cima do caipirismo, da caipirice, eu sou uma criatura estudada, trabalhada.
Vou me repetir, mas não faz mal: eu conto histórias para quem nada exige, e para quem nada tem. Para aqueles que conheço. Sou um deles. Participo do seu mistério. Essa é a minha única humanidade.

RUTH GUIMARÃES NO PROJETO TRADIÇÕES DO VALE DO PARAÍBA NA CIDADE DE CRUZEIRO

Instituto Ruth Guimarães

Júnia Guimarães

Ruth Guimarães

Júnia Guimarães

A E.M. Rebouças recebeu Ruth neste dia 13 de maio de 2024. Quase 150 crianças sentadas no pátio descobriram que a “tia” era filha da escritora. Só ah! e oh! para todo lado. Como assim? A gente é importante, né? A filha da escritora veio conhecer a gente! Sim, muito importantes. São vocês que vão continuar a mostrar a Ruth Guimarães para o mundo, daqui para a frente. Que responsabilidade, hein? Essas crianças estavam muito interessadas, fizeram perguntas inteligentes; via-se que foram muito bem orientadas, pois falavam das fontes, onde tinham pesquisado, quais eram os livros mais significativos de Ruth. E depois fizeram fila para pegar autógrafo. A cidade de Cruzeiro e sua secretaria de educação estão prestigiando novamente a cidadã cachoeirense, valeparaibana, paulistana de coração, mineira de criação, meio de lugar nenhum e de todos os lugares. As escolas municipais de Cruzeiro estão estudando vida e obra de Ruth Guimarães. E o instituto Ruth Guimarães leva seus representantes para prestigiar. O Lucas Willians foi sorteado e ganhou um “Histórias do Jabuti” – ou da Onça, não me lembro mais. Uma das muitas Sophias foi muito participativa, prometi levar um livro da próxima vez. Já me cobrou antes mesmo de terminarmos a conversa! Crianças que amam livros! Professores que incentivam a descoberta dos valores locais! Muito bom isso. Vou voltar para falar com a turma da tarde no dia 20 de maio. Com mais livros embaixo do braço.

Ruth visita Mário de Andrade

Lançamento da reedição de “Contos de cidadezinha”, no dia 18 de maio, às 17 horas.

Contos de Cidadezinha - Ruth Guimarães

Contos de Cidadezinha – Ruth Guimarães

Roda de conversa e lançamento da segunda edição de “Contos de cidadezinha”, de Ruth Guimarães. Dia 18 de maio, às 17 horas, na Casa Mário de Andrade.
Antes do lançamento da segunda edição do livro, pela Editora Madamu, uma mesa de conversa com Joaquim Maria Botelho, filho da autora, e as pesquisadoras Fernanda Miranda e Cecilia Furquim Marinha, que vêm se debruçando sobre a obra de Ruth, tratará do legado da escritora e de suas relações com Mário de Andrade.
A atividade será realizada presencialmente na Casa Mário de Andrade (R. Lopes Chaves, Barra Funda, São Paulo – SP). Inscrições até 16/05, neste endereço:
https://poiesis.education1.com.br/…/9fd10588a886cac5909
Serão disponibilizadas 40 vagas para participação presencial.
Cecília Furquim é professora, pesquisadora, poeta e tradutora. Teve, em sua primeira carreira, formação e trabalhos como atriz e professora de atuação. Mais tarde graduou-se em Letras e tornou-se mestra em Literatura Brasileira pela USP defendendo a dissertação Gota d’água: entre o mito e o anonimato (2013). Tem trabalhos de criação e tradução de poesia, entre eles A Coruja, o Gato e os Filhotes (Melhoramentos, 2014- Altamente Recomendável FNLIJ 2015), Mulheres Salgadas (Urutau, 2019) e Brusco (Urutau, 2021). Em 2024, também no departamento de literatura brasileira na USP, concluiu o doutorado com a tese: A palavra da mulher e o mundo do homem: três obras de autoria feminina na primeira metade do século XX. Nela, dedicou-se à pesquisa de escritoras pioneiras, em especial Gilka Machado, Patrícia Galvão e Ruth Guimarães.
Fernanda Miranda é bacharela, mestra e doutora em letras pela Universidade de São Paulo. Sua tese recebeu o Prêmio Capes de Teses e foi publicada sob o título: Silêncios prEscritos: estudo de romances de autoras negras brasileiras (1859-2006). É professora adjunta de Teoria da Literatura na Universidade Federal da Bahia. Compõe o Conselho editorial responsável pela publicação da obra completa de Carolina Maria de Jesus na editora Companhia das Letras. Sua pesquisa de doutoramento foi a primeira do Brasil a analisar a obra de Ruth Guimarães.
Joaquim Maria Botelho é jornalista e escritor. Como repórter especial da Revista Manchete, viajou por todo o Brasil e pela América Latina, conhecendo pessoas e suas histórias. Depois disso, comandou equipes na TV Globo, TV Bandeirantes e jornal ValeParaibano. Lecionou por dez anos na Faculdade de Jornalismo da Universidade de Taubaté. Também é ensaísta e tradutor. É autor de 12 livros. Dentre outros, Imprensa, poder e crítica, Redação empresarial sem mistérios, os romances Costelas de Heitor Batalha, O livro de Rovana, o livro de contos Lá dentro e Histórias da Casa Velha – biografia e legado de Ruth Guimarães, este escrito a quatro mãos com a irmã caçula, Júnia Botelho. Foi presidente da UBE – União Brasileira de Escritores. Tem artigos e contos publicados na Alemanha, Argentina e Portugal. É vice-presidente do IEV – Instituto de Estudos Valeparaibanos e secretário-geral do Instituto Ruth Guimarães.

Ensino de redação para vestibulandos, com a obra de Ruth Guimarães como tema

Ensinando literatura e redação no Vale do Paraíba

Instituto Ruth Guimarães

Instituto Ruth Guimarães – Foto: Priscilla Cabett

Contemplado pela Lei Paulo Gustavo, o jornalista e professor Joaquim Maria Botelho iniciou uma sequência de atividades destinadas a preparar estudantes que vão prestar exame vestibular neste ano de 2024.
O primeiro evento foi uma revisão da literatura regionalista, da qual Ruth Guimarães foi um dos expoentes – seu romance “Água Funda” tem sido leitura obrigatória de várias universidades federais, como Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, além da paulista USP – Universidade de São Paulo.
A apresentação, que durou quatro horas, foi realizada no Instituto Ruth Guimarães, no dia 13 de abril. Foram 27 participantes, todos estudiosos da obra da autora cachoeirense, e que preparam uma adaptação do livro para um curta-metragem (cinema).
Um segundo evento foi uma aula de duas horas de duração sobre “Técnicas de redação para vestibular – qualidades do texto e erros a evitar”. Participaram professores e alunos da Escola Estadual Prof. José de Paula França, na cidade de Queluz. Joaquim Maria ofereceu um exemplar do livro “Histórias da casa velha – biografia e legado de Ruth Guimarães”, para a biblioteca da escola, e sorteou entre os alunos um livro de sua autoria (Costelas de Heitor Batalha).
O terceiro evento, programado para o dia 22 de abril, será realizado na Escola Estadual Severino Moreira Barbosa, em Cachoeira Paulista, nos moldes da apresentação realizada em Queluz.

Fotos: Priscilla Cabett

 

Ruth Guimarães vai à creche

Ora pois, ainda existe quem não conheça Ruth Guimarães, a escritora de Cachoeira Paulista com renome nacional e internacional, cujo romance Água Funda é leitura obrigatória da FUVEST deste ano de 2024! Ora, ora!

O que se deve fazer quando o município lança o tema “cidade leitora” para suas escolas? Qual é o caminho a traçar, principalmente para as crianças pequenas de 0 a 3 anos? Onde ir? Para quem pedir ajuda? O coordenador da creche “Jairo Ramos”, que fica na Margem Esquerda do Rio Paraíba, nossa Rive Gauche, não pensou duas vezes: o Peterson Salomão entrou em contato com o Instituto Ruth Guimarães e marcou uma reunião de htpc no quintal da Ruth – aliás, o local está aberto para quem quiser vir fazer suas reuniões e conversar sobre Ruth!

A conversa foi longa, porque Ruth Guimarães tem livros infantis bem complexos, pois considerava as crianças como seres em formação que deveriam ser respeitados como tal, portanto a linguagem que usou é muito bem estruturada. Mas acredito que não tenha pensado em falar com crianças tão pequenas. Ou pensou?

Ruth GuimarãesAs professoras, Peterson, eu (a filha da escritora, Júnia Botelho), pensamos que pensamos, falamos que falamos e surgiu uma ideia: uma história inédita de Ruth! História dos quatro pintinhos em quatro tempos e seis lições. E tem até uma parte musical feita pelo compadre Luciano Carvalho, para quem Ruth legou vários poemas para serem musicados.

A ideia foi tomando forma, virou um projeto ali mesmo na reunião e logo na semana seguinte eu recebi um convite para participar da apresentação das atividades.Ruth Guimarães

As professoras foram ótimas, usaram a criatividade com muito carinho, uma fórmula que sempre é bem sucedida! Dedicação, delicadeza, sensibilidade, empatia. Com uma história de uma página foram trabalhados: 1) a alimentação, com frutas, legumes e verduras; 2) os grãos; 3) os insetos de jardim; 4) o contato com os animaizinhos. A creche proporcionou a 4 crianças a companhia de um pintinho cada por um fim de semana. “Ah, pais! Tem que participar, sim. Seu filho foi sorteado.” As professoras confeccionaram roupinhas de pintinho para os bebezinhos. Caça aos pintinhos, contação de histórias. Muito dinamismo, muito cuidado!

Ruth GuimarãesSe eu ainda tivesse alguma dúvida de para quem Ruth Guimarães escreveu, já não teria mais: escreveu para quem ainda se encanta, para quem conhece a força das palavras e da escrita, para quem sabe o quanto é necessário exercitar a criatividade e a imaginação, escreveu para essa turma competente: Peterson Salomão e Alves, Coordenador Pedagógico.

Leonor da Silva Garcez Rosa, Professora (Berçário I), Nilza Ribeiro dos Santos, Professora (Berçário II), Michele Cristine Bassanelli, Professora (Maternal I), Marleide Lopes Fernandes Moreira, Professora (Maternal II A), Luciana Vânia Barbosa Hummel da Silva, Professora (Maternal II B). No dia da apresentação da atividade para os pais e responsáveis Renata Camargo contou uma história, que contou com a presença da secretária da Educação e sua equipe.

Abertas as inscrições para o concurso de fotografia Zizinho Botelho

Instituto Ruth Guimarães - Concurso Fotográfico

Foto premiada em primeiro lugar no concurso de 2022 – Autor: Domeico Trocino

Estamos entrando na 4ª edição do Concurso de fotografia “Zizinho Botelho”, promovido pelo instituto Ruth Guimarães, com inscrições abertas de 22 de março a 22 de maio de 2024. O tema deste ano é Brinquedos e brincadeiras. A cada edição apresentamos uma crônica de Ruth Guimarães para ajudar os candidatos a usar sua imaginação e expressar sua sensibilidade. E despertar os lugares de Memória. Criatividade, originalidade, os aspectos artísticos e a sensibilidade ao uso de técnicas fotográficas são os critérios mais importantes na análise das fotos que chegarem. Fotografar é desenhar com a luz. Desenho de luz e sombras.
Os participantes poderão enviar 2 fotos, por e-mail: inrg1920@gmail.com. Se você for de escola pública, estará dispensado do valor da inscrição. Para mais informações, entre em nosso site: institutoruthguimaraes.org.br, ou no endereço do facebook https://www.facebook.com/institutoruthguimaraes ou ainda no instagram https://www.instagram.com/instituto_ruth_guimaraes/.
Participe!

Qual é o sentido do cinema em 2024?

O cinema pode ser um refúgio para quem quer fugir do cotidiano. Ajuda a estimular a imaginação e a criatividade do público. Os espectadores são levados a repensar o que viram e, às vezes, a reproduzi-lo.
Ruth GuimarãesO cinema no quintal está oferecendo um tipo de entretenimento para a cidade de Cachoeira Paulista que muitas de nossas crianças não conhecem, mas está oferecendo também um espaço onde nossas crianças e adolescentes podem conhecer um pouco da história de nossas personagens que já estão caindo no esquecimento, apesar de terem sido muito importantes em um momento específico.
Hoje, neste 20 de março, escutamos o Severino Antônio falar de seu avô, Severino Moreira Barbosa, que dá seu nome a uma rua e a uma escola em Cachoeira. Quantas coisas fez? Quem foi? Qual sua importância? A discussão foi bem interessante e alunos e professores da escola vieram prestigiar o projeto que foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo.
O próximo convidado é José Maurício do Prado, contando a história de seu pai, Nelson Lorena, dia 20 de abril, às 15h. E o filme será “Deus é brasileiro”, com Antônio Fagundes e Wagner Moura. Gratuito. Na Rua Carlos Pinto, 130, no instituto Ruth Guimarães – INRG. Esperamos vocês!

PRÊMIO RUTH GUIMARÃES DE CRÔNICAS 2024

Participe do concurso de Crônica Ruth Guimarães, as inscrições estão abertas! Pelo site da UBE, União Brasileira de escritores.
Ao escrever uma crônica:
Evite spoilers, ele é o inimigo número um de todo leitor.
Encontre o gancho.
Expresse sua opinião com clareza.
Encontre sua voz.
Leve em consideração as crônicas que você leu.
Revise antes de publicar.
Divirta-se !
E boa sorte!

Inscrições nesse link: https://ube.org.br/inscricao-premio-ruth-guimaraes-2024

Prêmio Ruth Guimarães

Prêmio Ruth Guimarães