Ruth Guimarães é tema de grupo de estudos

Os encontros do Grupo de Estudos Ruth Guimarães de Brasília são mensais

Ruth Guimarães é tema de grupo de estudos em Brasília

Ruth Guimarães é tema de grupo de estudos em Brasília

Liderados pela professora Maristela Papa, um grupo de professores e educadores que usam como base pedagógica a contação de histórias, se reúne mensalmente para discutir e ensaiar projetos de aula a partir de obras da escritora.

Os próximos encontros serão dos dias 19 de setembro, 17 de outubro e 21 de novembro.

Abertura do Simpósio de História do IEV

Márcio Barbosa foi o palestrante de honra

Joaquim Maria Botelho e Márcio Barbosa no Simpósio de História do IEV

Joaquim Maria Botelho e Márcio Barbosa no Simpósio de História do IEV

O secretário-geral do Instituto Ruth Guimarães, Joaquim Maria Botelho, também vice-presidente do IEV – Instituto de Estudos Valeparaibanos, participou da abertura do Simpósio de História no dia 22 de agosto, no auditório da Faculdade de Engenharia Ambiental da USP, em Lorena.
O tema do Simpósio, em 2023, é “Caminhos e Meio Ambiente no Vale do Paraíba”.
Márcio Barbosa, um pioneiro do sensorialmente remoto e da meteorologia no Inpe, e que dirigiu esse instituto de pesquisa por 11 anos, proferiu palestra sobre o papel das entidades dedicadas a ciência e tecnologia no Vale do Paraíba na proteção e preservação do nosso meio ambiente.
Na foto, Joaquim Maria Botelho e Márcio Barbosa, que trabalharam juntos no Inpe, nos anos 70 e 80.

O Simpósio tem programação até o dia 25 de agosto.

Veja aqui a programação completa

Mesa de literatura na FLIG 2023

Literatura e História foi o tema

O secretário geral do Instituto Ruth Guimarães, Joaquim Maria Botelho, foi o mediador de uma conversa sobre o peso da história na literatura. Os debatedores foram o professor Robson Hasmann e o escritor Ignácio de Loyola Brandão.

Joaquim Maria Botelho e Inácio de Loyola Brandão na FLIG 2023 em Guaratinguetá

Joaquim Maria Botelho e Inácio de Loyola Brandão na FLIG 2023 em Guaratinguetá

A mesa abordou temas gerais da história, como o papel da crônica no jornalismo, como coadjuvantes da memória coletiva dentro da ciência da historiografia. Loyola, que é membro da Academia Paulista de Letras e da Academia Brasileira de Letras, falou de sua vasta carreira de escritor, com 50 livros publicados. Os pontos altos da roda de conversa estiveram focados nos dois principais livros do escritor, “Zero”, escrito na ditadura militar, e “Não verás país nenhum”, uma distopia sobre o mesmo tema.

Robson trouxe a sua experiência como professor, inclusive sua experiência no México, quando estudou o peso da história na dramaturgia mexicana.

O auditório da Festa Literária de Guaratinguetá – FLIG 2023 esteve lotado durante todo o tempo da roda de conversa, que chegou a 1h40 minutos. Os participantes foram longamente aplaudidos e, na sequência, Loyola concedeu autógrafos no espaço do escritor.

CONVOCAÇÃO

Assembleia Geral do Instituto Ruth Guimarães

Assembleia - Instituto Ruth Guimarães

Assembleia – Instituto Ruth Guimarães

Por meio da presente, ficam convocados os membros fundadores e efetivos (e os honorários que desejarem participar) para, conforme previsão do Capítulo III (Seção IV, artigo 25) do Estatuto Social, proceder à eleição do Conselho Diretor, Conselho Deliberativo e Conselho Fiscal do Instituto Ruth Guimarães, para o período de 2023-2025.
A Assembleia Geral será realizada presencialmente, à Rua Carlos Pinto, 130, na cidade de Cachoeira Paulista, com transmissão simultânea por plataforma eletrônica, de modo a facilitar a participação de membros que residam ou estejam em local distante. O encontro se dará no dia 27 de agosto de 2023, em primeira chamada às 15 horas. No caso de não haver quórum suficiente no horário, será feita uma segunda chamada às 15h30, para deliberação e eleição, com qualquer número de participantes.

Roda de conversa sobre identidade no INRG

Instituto Ruth Guimarães

Instituto Ruth Guimarães

A abordagem, o envolvimento e a discussão deste tema melhoram o autoconhecimento, a afirmação pessoal em sociedade. Precisamos falar, mas principalmente ouvir, deixar o outro se expressar. É a pessoa que deve escolher as palavras para designá-la, para nomear sua identidade, e não o outro. “Como eu sei quem sou, posso definir limites muito claros com relação a certas pessoas – limites que antes eu não estabelecia porque achava que precisava agradar a todos, todo o tempo, para conseguir a aceitação das pessoas”, afirma. (Hernando, entrevista para a BBC NEWS BRASIL https://www.bbc.com/portuguese/geral-62963114)

“Água Funda” no vestibular

Leitura obrigatória para o exame de 2023 da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Água Funda - Ruth Guimarães

Água Funda – Ruth Guimarães

Os livros indicados para leitura obrigatória, no exame vestibular da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) são, além de “Água Funda”, de Ruth Guimarães:
• O poema Y Juca Pirama, de Gonçalves Dias
• Contos Fluminenses, de Machado de Assis
• Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa
• Úrsula, de Maria Firmina dos Reis
Também foi selecionado “Fiandeira”, de Raquel Naveira, autora de Campo Grande.

Ruth Guimarães é título do prêmio para o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, a Ade Sampa vai entregar o Prêmio Ruth Guimarães para mulheres emblemáticas das mais diversas áreas de atuação nos setores público, privado e no empreendedorismo feminino, que desempenham um papel fundamental na luta por um mercado de trabalho justo, igualitário e contra o preconceito.

Prêmio Ruth Guimarães

Prêmio Ruth Guimarães

A cerimônia contará com a presença de autoridades municipais, estaduais e Corpo Consular, além de intervenções artísticas como balé, desfile de moda, apresentações musicais e a exposição de um acervo de Ruth Guimarães.

A romancista Ruth Guimarães é uma das mais importantes escritoras negras brasileiras com obras que possuem traços do realismo fantástico e valorizam a cultura regional. Seu livro mais famoso é o romance “Água funda”. Formada pela Universidade de São Paulo, Ruth Guimarães foi professora por mais de 35 anos e em 2008 ocupou a cadeira 22 na Academia Paulista de Letras.

Evento:
Prêmio Ruth Guimarães
25 de julho – 19h
Teatro Paulo Eiró, Av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro, SP

Joaquim Maria Botelho lança a segunda edição de Calidoscópio na Biblioteca Hans Christian Andersen

Filho da escritora fez uma palestra sobre a biografia de Ruth Guimarães: Histórias de Casa Velha

No último dia 27, na Biblioteca Hans Christian Andersen, ocorreu um bate-papo com Joaquim Maria Botelho sobre a biografia de Ruth Guimarães e o lançamento da 2a. edição do livro “Calidoscópio” – estudo de Ruth sobre a figura de Pedro Malasartes. Vários títulos da EditoraMadamu foram doados ao acervo da biblioteca.

Ruth Guimarães nas escolas – primeira semana de junho na Escola Luiz Menezes

Júnia Botelho fala sobre Ruth Guimarães

Júnia Botelho fala sobre Ruth Guimarães na escola Luiz Menezes em Guaratinguetá

A Escola Luiz Menezes, localizada na Vila Angelina, em Guaratinguetá-SP, está oferecendo para seus alunos projetos diferenciados, reuniões periódicas, palestras com profissionais que estão fazendo parte da rotina da escola. Neste início de junho trouxe a história de Ruth Guimarães, a escritora aniversariante, regionalista, que fala com os seus conterrâneos do Vale do Paraíba como a um dos seus familiares sentado em sua mesa tomando um café da tarde. A conversa foi com a filha da escritora, Júnia Botelho, no pátio grande e espaçoso, embaixo de uma árvore bonita e num dia bem agradável e ensolarado. A equipe estava toda reunida ouvindo e fazendo perguntas, com a diretora /professora Suzana Benini, a coordenadora/ professora Marilena Floriano e o professor/youtuber André Felipe. O convite veio do professor André Felipe, que é um admirador de Ruth Guimarães e quis apresentar nossa escritora para os alunos e professores de nossa região, que estão aprendendo a gostar e apreciar Ruth. Sua escola ainda não recebeu os livros de Ruth? Ainda não ouviu falar de Ruth? Então agende sua visita ao instituto, ou faça como a escola Luiz Menezes e traga a equipe do Instituto Ruth Guimarães para uma palestra.

Artigo no jornal da UFRGS destaca obra de Ruth Guimarães

A literatura orgulhosamente negra e caipira da escritora – Por Mírian Barradas

“E Joca é esse trapo que anda aí. Virou andante. Um dia está aqui, outro dia não se sabe dele. Aquele sossega só com a morte. Assim mesmo, não sei. Até em Curiango a praga acertou de ricochete. Enquanto o pai foi vivo, foi um cabresto para ela, mas depois que morreu… Não pode contar com o marido e não é mulher pra ficar sozinha. É moça demais e é bonita demais. Tudo no diacho dessa mulher faz a gente lembrar de correnteza. Tem o andar bamboleado e macio de veio d’água. Tem uma risada de passarinho nascido perto da cachoeira. E o lustro daqueles olhos pretos é ver lustro de jabuticaba bem madura, molhada de chuva”

Trecho de Água Funda

“É um romance, mas escrito como se fosse prosa fiada, como se fosse narrativa caprichosa que vai indo e vindo ao sabor da memória, ao jeito dos contadores de casos.” É dessa forma que Antonio Candido resume Água Funda no prefácio escrito para a segunda edição da obra, publicada em 2003.

Instituto Ruth Guimarães

Foto: Botelho Neto – Década de 70

Essa prosa fiada, que dá ao leitor a sensação de estar escutando as personagens, é um dos aspectos mais aclamados do romance de Ruth Guimarães (1920-2014). Nascida e criada em Cachoeira Paulista, cidade localizada quase na divisa com Minas Gerais, Ruth traz a Água Funda um retrato do Brasil caipira sem cair em estereótipos ou idealizações. Usando seu lugar de fala como mulher negra e caipira, a autora se inspira na sua própria vida na roça.

Com linguagem marcada pela oralidade, o romance é repleto de descrições. “A gente vê o caipira, aquele que é ligado à terra, as descrições da natureza, a gente vê bem o sentimento dela [da Ruth] de amar esse lugar. E aí tu vai ver na biografia dela que ela não sai desse lugar, ela fica ali. Esse é o desejo dela: ver aquele céu, ver aqueles pássaros, ver aquela flora… E a gente chega até a sentir o cheiro do ar puro”, destaca a doutoranda em Letras pela UFRGS Ana dos Santos, que pesquisa literatura negra de autoria feminina.

A obra é escrita em um formato de conversa de um/a narrador/a com “um moço”. A doutoranda do departamento de Estudos Literários da USP Cecília Furquim defende que, na verdade, o/a narrador/a é uma mulher. Ela explica que, ao longo do romance há diversas pistas que mostram que esse/a narrador/a é alguém da comunidade e que, ao mesmo tempo que tem familiaridade com a linguagem caipira, também possui educação formal. “A gente poderia dizer que a narradora é um alterego da Ruth, porque ela tinha uma escolaridade, inclusive, excepcional para a época, para o fato de ser uma mulher negra”, aponta.

Ana concorda que o/a narrador/a é alguém pertencente à comunidade, mas tem dúvidas quanto ao gênero. “Pode ser uma narradora, mas o que me incomoda é que o posicionamento desse narrador é muito vago. Ele só diz ‘na escravidão era assim’. E eu não sei se a Ruth respeitaria tanto assim o poder, porque, para mim, ela era muito ousada para a época”, analisa. Afinal, Ruth era uma mulher negra, caipira e jovem – Água Funda foi publicado em 1946, quando ela tinha 26 anos.

Seja com narrador ou narradora, a composição do romance – fragmentada, uma espécie de “colcha de retalhos” – é a grande originalidade da obra. Cecília aponta que, como isso não era comum na época, esse aspecto não foi bem recebido pela crítica naquele momento. “A gente pode dizer que essa composição da obra – que na época do lançamento foi alvo de críticas – tem a ver com o fato de a Ruth ter juntado ‘causos’ que ela escutava, vivenciava”, diz.

Em um depoimento concedido ao Museu Afro Brasil em 2007, Ruth comentou que essa composição se inspirava no povo brasileiro.

“Assim como somos um povo mestiço, todo cheio de misturas de todo jeito, a nossa literatura também é toda feita de pedaços de textos, de arrumações aqui e ali”

Ruth Guimarães

A obra acontece em dois momentos temporais: a primeira parte do livro se passa cerca de 15 anos antes da abolição da escravatura, na fazenda Olhos D’Água; a segunda parte, entre os anos 1930 e 1940, na cidade de Pedra Branca. Apesar desse salto no tempo, o que se percebe no romance é que aspectos como a exploração do caipira e a desigualdade permanecem intocados, fazendo uma espécie de desvelamento da estrutura colonial que permaneceu no Brasil.

“Mudou a fase, mudou o século, mudou de Monarquia para República, mas na água funda do Brasil se manteve a estrutura colonial”

Ana dos Santos

Nesse sentido, em um dos trechos do livro é inevitável lembrar de notícias recentes sobre casos de trabalho análogo à escravidão na Serra e na Fronteira Oeste gaúchas. Em Água Funda, um forasteiro sem nome chega a Pedra Branca para recrutar homens para trabalhar na abertura de estradas no sertão, prometendo o pagamento de trinta mil réis (um valor alto) por dia.

“– E livre de despesas. Quer dizer, não é bem livre de despesas. É assim: todos os gastos correm por conta dos engenheiros. É uma companhia grande. Depois o empregado paga aos poucos. Quando a gente entra, assina um contrato…

– Assim é bom. Mas a Companhia tem de tudo?

– Tem. Armazém, loja e farmácia, além de alojamento para o pessoal.

– Tudo isso e os trinta por dia correndo…”

Um dos personagens, Mané Pão Doce, resolve aceitar a oferta. Volta, tempos depois, contando que precisou fugir do lugar, porque a situação era diferente do prometido: além de trabalhar pesado, sem descanso e ouvindo ofensas do patrão, os empregados eram pagos em vales, aceitos apenas no armazém da Companhia – que cobrava muito caro pelos produtos. Ao pedir as contas, o empregado descobre que deve ao patrão pela viagem, pela esteira em que dormia, pelo alojamento, pela lavagem de roupa, além das compras no armazém – e só pode ir embora quando saldar a dívida. “Contando com tudo, ia meu ordenado e eu ainda ficava devendo uns dois meses de serviço”, reflete a personagem.

O/a narrador/a de Água Funda credita os tristes destinos dos personagens a uma praga lançada pela escravizada Joana. Para Ana, a praga é uma metáfora para os 300 anos de escravidão. “Esse romance está fazendo uma crítica à escravidão e ao pós-abolição, que manteve as coisas como estão e, se elas estão dando errado, é porque não se resolveu isso lá atrás. É o fantasma da escravidão”, conclui a pesquisadora.

https://www.ufrgs.br/jornal/a-literatura-orgulhosamente-negra-e-caipira-de-ruth-guimaraes/